Thursday, December 29, 2011

Ano Velho....Ano Novo....



Bom dia....

É fim de ano...
Quase todas as pessoas ponderam sobre o que se passou e aconteceu nas suas vidas, ao longo de 12 meses...365 dias...
Obra do acaso ou do destino?
Responsabilidade própria?
Melhor pegar num papel, dividir a folha a meio e, numa coluna, escrever as coisas menos boas e, na outra, o que de bom aconteceu...
É tempo de balanço, de traçar novas metas, em busca do equilíbrio para vivermos dias mais saudáveis e felizes.
Já fizeram a v/ lista?
Eu já fiz a minha...com espaço e tempo para o inesperado e para as surpresas, que a vida não tem graça nenhuma se tudo fôr premeditado...

Bom Ano Novo!




Thursday, December 22, 2011

Xmas Time


Todos os anos, tenho um sentimento imenso de nostalgia relativamente ao Natal.



Sou muito observadora...gosto de ver o sorriso das crianças, a alegria na abertura dos presentes, mas sou muito triste na solidão dos outros....dos velhinhos, dos mendigos, dos doentes...


Continuo a achar que esta quadra é um bocadinho mágica, mas consegue rasgar-me sempre um bocadinho do coração....ao pensar nos que já partiram e são estrelas a iluminar a nossa ceia...


Maria Saudade...sim....devia ser esse o meu nome...


Gaivota também é apropriado – gosto de voar, de sentir os poetas em mim...de sentir o Natal de Alexandre Oneill, Pessoa e Espanca...


Sinto assim...o sorriso do dia e o choro calado da noite...


Feliz Natal!



Tuesday, December 20, 2011

"I'm your private dancer"


Abri a porta do quarto de hotel, em roupão...



Por baixo, uma lingerie preta com apontamentos de pequenas flores


E um ligueiro com meias de vidro a condizer...


Ouvia Tina Turner e não esperava ninguém, apesar dos meus trajes sensuais...


Naquela noite, mesmo sem ninguém, quis-me sentir mais mulher,


Mais atraente....


Se a Lei da Atracção existe...fez-te aparecer na minha porta


depois do jantar...


Não sei como me descobriste...


Só me lembro de te deixar entrar,


o roupão cair


e a noite também...


Lembro-me que, não falámos....sussurrámos,


beijámos,


abraçámos...


Só as paredes e os lençóis sabem o que se passou...


A banheira também...


As asas da imaginação e do desejo


levaram-nos longe...


Derrubamos muros, fronteiras e medos.


Fomos um...entrelaçados,


sentados,


deitados na exaustão saudável...


Acordei contigo abraçado a mim.


Levantei-me, vesti o roupão, peguei num cigarro e fui até à varanda


olhar o mar e agradecer...que esta sintonia acontece uma vez na vida.


Há momentos que não podemos deixar de ganhar.


Desde aí, decidimos repetir muitas vezes, para nos sentirmos vivos


leves,


únicos...


Quem diz não gostar de amar e ser amado, mente...


Há lá coisa melhor que sentirmos quem nos ama a vibrar dentro de nós...


É uma dança a dois...



Monday, December 19, 2011

Gostei...Gostava...

Gostei do sussuro ao telefone a dizer “Agora, a ouvir Loreena McKenitt, apetecia-me fazer amor contigo...não sei dizer o porquê, mas apetecia-me”....



Há coisas que não têm explicação...as nossas vontades, instintos e desejos são a prova disso.


Soube bem ouvir...


Gostei....


Gostava que fosse verdade...não numa perspectiva que está “na moda”, de amizade colorida, mas um esbarrar de coincidências, apetites, empatias e descoberta...a de nos apaixonarmos estupidamente um pelo outro seria brutal....


Fartos de estar sozinhos – não, necessariamente sós – seria “ouro sobre azul”...eu diria, uma cor perfeita e ainda não inventada...um campo de papoilas, o mar infinito...


Quem sabe o dia de amanhã?


Gostei....


Gostava....


Friday, December 16, 2011

"Eduardo, mãos de tesoura"



Recuerdos de paisagens da nobre Galicia

o encanto das fotografias

da companhia

das músicas

da empatia.

Alugámos uma autocaravana

e fomos à descoberta de nós

através de cruzamentos verdes

lagos

rios

sonoridades.

Os nossos olhares

liam o mais profundo eu do outro...

magias inexplicáveis

que amorfam o coração

aceleram

e deixam num estado de felicidade plena e louca.

Os nossos gestos

abraços imensos

únicos no espaço e no tempo

e inesquecíveis.

Quando nos abraçávamos

éramos um

e viajávamos...

Podíamos ser um livro

uma música

uma estória

um hino à vida e ao amor.

Amor....

se os lençóis falassem...

o que não diriam do suor dos nossos corpos

da meiguice de cada gesto

acto

e pensamento...

Fazer amor contigo era fazer amor comigo.

Almas gémeas

não tenho duvidas - em tudo...

Éramos alegres

e éramos tristes

mas, sempre juntos

mesmo quando nos separámos.

Quem disse que a vida é justa?

Sabes o quanto te amo

e o quanto me amas...

de forma intensa e imensa...

Somos o Universo inteiro

mas...

as reticências criaram um muro de Berlim

e agora somos dois mundos separados

apesar de sentirmos o bater do outro....

"en route".... com muita pena.....



Thursday, December 15, 2011

Atrás das pessoas...



Todos os dias me cruzo com pessoas na rua

no trânsito

no emprego...

Pergunto a mim própria

o que estará atrás delas...

o que encerra cada casa

cada passado

cada tecto

cada telhado de vidro

cada janela

cada alma...

Será que têm um Cristo pendurado na parede?

Um Buda, no chão, com velas à volta e almofadas fofas?

Quadros com fotografias de gente a preto e branco e ondas e marés a cores?

Colares coloridos pendurados em pregos junto de cachecóis e bóinas hippies?

Um mac ao lado de um windows a namorarem?

O que cada um encerra só ao próprio diz respeito...

Mas, é tão curioso ver e constatar que, muitas vezes, "ninguém é aquilo que parece" e os "santos" são pecadores e os "piercings" valores ecológicos, de respeito e amor ao próximo...

O ser humano é complexo.

Homens e Mulheres.

Todos diferentes e, por vezes, quase iguais...mas, só por vezes, momentos, instantes...

Atrás das pessoas há sempre sonhos e vontades

mágoas e tristezas

histórias inacabadas...

O atrás, que é dentro de mim, faz parte das palavras, vive dentro desta expressão, deste jeito de ser que não vou divulgar porque...o que cada um encerra, só ao próprio diz respeito....

Wednesday, December 14, 2011

Leituras com sabor a sonhos e canela



Ao ler “Sabor a conforto” de Rita Burmester lembrei-me de várias coisas boas....lembrei-me de como é bom estar em frente a uma lareira, abraçado a alguém que nos ama e a ouvir Bette Midler, Ella, Etta James, Jane Monheit....uma aparelhagem preparada para “ladies sing the blues” com chuva a bater na vidraça....mãos entrelaçadas, chocolate quente, carinho iminente nos gestos e nos olhares...lá fora, “o mar enrola na areia”, está um vento frio, mas....os corações batem acelerados com vontade de se deitarem juntos e antecipar um Natal quente de afectos....gosto desta palavra, que me cheira a canela...gosto de gostar...tenho saudades...quero ir e ficar...mas, a realidade traz-me de volta ao asfalto...nos intervalos, subo no meu balão mágico, mergulho nas leituras e posso sonhar à vontade, que o sonho,por enquanto, ainda não paga imposto...

Friday, November 25, 2011

Secret...



Ao olhar o contraste dos corpos



da cor da pele



num video do Seal...



dá vontade de ser ousada...



despir os preconceitos



afastar os medos



amar a liberdade



de dois em um



com magia



afectos



gestos desiguais



que se completam



em empatia



num olhar



numa voz



num arrepio de pele



num abraço intenso



de um universo em nós...



Amor e sexo...



o melhor da vida...



os pensamentos anulados...



só o sentir



o pulsar



o bater...



só o que se experimenta



e nos arqueia



faz sonhar



e ser feliz



etérea e eternamente....

Wednesday, November 23, 2011

Gente




Podemos arranjar muitos adjectivos, mas os que pretendo aplicar não existem...


Dizer que há gente complicada...é pouco....


Anda meio mundo à procura de outro meio, mas dentro do meio que procura, há gente presa a outra gente que não está interessada no que a gente tem para oferecer...o melhor do mundo: os afectos, a companhia, os livros, a troca de pés numa cama de ferro antiga...


Enfim, essa gente faz parte do querer e não querer, porque está presa àquilo que nunca a fará feliz...gente inteligente, que emburrece, porque se apercebe, mas não altera comportamentos.

Já referi isto algumas vezes, em alguns dos textos que escrevi, mas repito....o ser humano é um bicho estranho....a gente não quer ser pessoa....ser pessoa implica um mundo mais vasto, com horizontes mais alargados e uma inteligência que não é monocórdica nem unilateral...é imensa e vasta e aprende e avança....”como bola colorida nas mãos de uma criança”.


Estou cansada de gente “pobre”.... tão alargados em alguns conhecimentos e tão limitados no sentir e na vontade de ser feliz...


É por isso que, o meio mundo que procura o outro meio, na sua vasta maioria, vai permanecer só e incompleto....porque não desata os nós do Passado e insiste na ilusão, no sonho de ainda vir a acontecer o que pessoas estúpidas e insensíveis ( sim, também as há) nem sequer conseguem ver.


Gente....

Wednesday, November 16, 2011

"Duetos Improváveis"




Num anúncio de televisão, com os Moonspell e a Carminho, num cd intitulado de "Duetos improváveis", pensei em como há casais provavelmente improváveis e imcompatíveis - talvez, mesmo, a maioria.


Há pessoas que querem viver com outro alguém mesmo que essa pessoa seja apenas e somente um "alguém" - não haja empatia, imensidão....aliás, esses pessoas - creio - vivem na mais profunda solidão.


São duetos improváveis, danças que não casam e só um papel comprova um compromisso que, na vida real, não existe...


Há, no entanto, outros duetos que aparentam ser improváveis e são dos poucos que se tornam casos únicos, almas gémeas, verdadeiramente felizes...aqueles que encaixam, dão as mãos a ler um livro na mais profunda serenidade e cumplicidade afectiva, envelhecem juntos e, juntos, são músicas diferentes fundidas numa só.


Existem, então, vários tipo de duetos improváveis...

Quero acreditar que irei fazer para sempre parte deste último. Ou, então, ser um dueto como pessoa, ser uma espécie de Pessoa de nome Fernando com heterónimos por companhia.


A vida é um dueto...a busca da outra parte, mesmo que improvável, é pode ser deliciosa, apetecível, surpreendente, maravilhosa, previsível ou...até mesmo....improvável....




Monday, November 14, 2011

"Dreaming alive"








No dia 11.11.11 fez-se História no Coliseu do Porto.




"Aurea ao vivo"... não estava à espera de uma sensação tão boa...




Todas as condicionantes físicas, de saúde, não se proporcionavam a que eu estivesse cem por cento receptiva aos décibeis que iria encontrar mas, a Produção do Espectáculo estava com uma sequência tão bem elaborada que, eu fui transportada e consegui viajar.




Aurea é Soul & Blues com uma mistura da sonoridade dos anos 70 e, numa ou noutra música, até mesmo da Broadway.




Por momentos, regressei ao passado, entrei no "Dirty-Dancing", dancei e fui feliz.




Não percam estas sonoridades nem esta voz tão grandiosa.




A voz da Aurea tem várias cores: ora é uma menina pequenina, indefesa e frágil....ora se torna um soprano, quase lírico e sustentado, que passa a contralto, com graves alargados, seguido de uma "voz de cabeça" que arrepia...




Que embalo...




Que bálsamo para a alma....




Na cadeira, ao meu lado...só faltava a minha alma-gémea....




Wednesday, November 2, 2011

Amar Perdidamente



Dedicado...a quem ainda não conheci....



Olá, Salvador!









Esta noite, senti a falta do teu abraço,




do teu carinho,




do teu olhar sobre o meu sono...









Esta vida parece mesmo de marinheiro...




andamos sempre de um lado para o outro...




Sei que tens de ficar três meses nos Estados-Unidos




por questões de trabalho....




mas.....custa-me tanto....




Não é como quando estás em Barcelona




ou em Londres




onde




através de uma "low-cost"




posso ir ter contigo




e passar o fim-de-semana nos teus braços.









Restam-me as memórias




e a tua fotografia...




os teus bilhetes deixados na minha almofada....









És um querido...




Cada dia fazes uma surpresa




e isso dá-me alento para as dificuldades




para os familiares que já perdi




para o meu pai com alzheimer....









És único e apetecível




e quero amar-te sempre




até ao final dos nossos dias.




Quero caminhar ao teu lado




ler os mesmos livros que tu




sentados num banco de jardim.




Quero




e mereço




receber e dar mimo.









Amo-te, sabias?




E vou dizer-te sempre o que sinto.




Que o mal do mundo é fingir que não sente




mesmo quando rebenta de sentir....

Mãe Preta



Essa Terra que nos acolhe



e tantos maltratam



agora se reflecte



nas bruscas variações de temperatura



nas febres



constipações



ansiedades



dores no corpo....



"Cada um faz a cama em que se deita"



e o homem poderia ter usado a sua inteligência



e não ter maltratado quem lhe deu a vida.



"Cá se fazem, cá se pagam"



e o "vai-se andando"



"vai de mal a pior"



por culpa inscritível



de um animal chamado Homem....

Thursday, October 27, 2011

Coração de Papelão










Observo.


Penso.


Interiorizo.


Sinto.


De que são feitos os corações?


Os dos outros....


Daqueles que o não têm


só rasgam


e magoam....


Mentira ou engano?


Duas faces da mesma moeda.


Quando observo


vejo gente baralhada


sem ser simples


nem prática


nem feliz


e interiorizo...


o que disseram


as atitudes que tomaram


e ficaram por tomar.


Sinto


mais uma vez


a desilusão e a mágoa


a tristeza de amar


quem do amor


não sabe nada


quem tem medo


e não quer ajuda


quando amar


pode ser tudo


menos uma tristeza....


Sinto que o meu coração


é de papelão


e o rasgam muitas vezes.


Lá se mantém colado


remendado


com fotos


imagens

e pensamentos

mas nunca sarado


da infantilidade cruel


dos outros...


ambiciosos na matéria


católicos de religião


e tão pobres no afecto


e na emoção.


O meu coração é de papelão!....
















Tuesday, October 18, 2011

"As Serviçais"






À minha mãe....






Um dos melhores filmes do ano.



Uma das histórias mais comoventes e fantástica a que assisti, nas salas de cinema.



Sim, ir ao cinema fica caro e estamos em crise, mas o bálsamo que nos vem à alma tudo supera.



Sempre tive um enorme fascínio pela História dos Estados-Unidos, nomeadamente, pela escravatura, pelas suas estórias e relatos mais do que verídicos, as suas músicas, sabedoria, entrega, esforço que nós - pessoas de raça branca - não soubémos respeitar.



"Não te importes da raça nem da côr da pele" é o que apetece proferir a cada página da tela, a cada resposta "torta" a uma criada que, só por ser de outra côr não pode usar a mesma casa-de-banho dos brancos ( dizem, por causa das doenças que transmitem), não tem direito a opinião - apenas obedecer e trabalhar, trabalhar, trabalhar....sem resmungar....uma ditadura racial sem justificação, mas com consequências.



Depois de sair da sala de cinema, fiquei ainda mais feliz por os Estados Unidos terem um Presidente de raça negra.



A história de "As Serviçais" é a história, também, de muitas mulheres portuguesas que, com catorze anos, vinham das aldeias trabalhar árduamente para as "senhoras" da cidade - grandes vivendas, famílias numerosas, onde só o homem trabalhava e onde a criada era a cozinheira, a que engomava, a que criava os filhos da senhora da casa ( então preocupada com hipócritas acções de solidariedade e "chás das cinco" com tias da mesma forma que nem um bolo sabiam fazer).



Lembrei-me da história de vida da minha mãe, de quem muito me orgulho.



De pequenina, menina e moça, saiu de casa dos meus avós, onde uma sardinha dava para 6 ou 7 bocas....eram felizes no meio dos campos de trigo e do que a terra dava...mas não havia dinheiro para sustentar tanta gente...apenas boa-vontade e fraternidade....



Começou a ganhar dinheiro para enviar à minha avó e facilitar o crescimento dos irmãos mais novos....trabalhava de sol a sol - como "as serviçais" deste filme - a acordar à hora que os patrões quiséssem para levar água ao quarto, para trocar o pote sujo ao lado da cama, para embalar o filho mais novo que chorava - o senhor da casa precisava descansar a mente para ir trabalhar no dia seguinte.



Orgulhei-me tanto daquelas mulheres negras e lindas....do filme....e, em paralelo, senti, sinto e sentirei um enorme orgulho na minha mãe que, com 73 anos, juntamente com o meu pai, percorreram um caminho de trabalho digno e árduo, pouparam e deram-me aquilo que eu considero uma boa Formação.



Aprendi com as suas histórias e com a escola da vida.



Ainda hoje aprendo....



E....com este filme, também aprendi....acrescentei mais alguma coisa aos meus quase 38 anos.



Sinto-me imensa e feliz...por ser a pessoa que sou, grata pelos pais que tenho, pelos sonhos que concretizei, por ainda conseguir ser criança nas emoções e nos afectos - creio que, de uma forma eterna - por amar as palavras, a escrita, o "soul" e os "blues" desta raça negra que foi escrava como alguns brancos também o foram e ainda são.



Vejam o filme!



Leiam o livro!



Repensem as v/ vidas e agarrem os v/ sonhos com luta, coragem, crença, perseverança....



"As Serviçais" ( "The Help", em inglês) pode ter uma fatia de história e pensamentos de cada um de nós...é, simplesmente, genial!....



Thursday, September 29, 2011

Grito Vagabundo






Dedicado a Rogério Charraz






Vida



Memórias



Alma Lusa



Palavras e imagens



que não consigo contar.






Vida



são estes apertos



que soltamos em grito



e perpetuamos



no espaço



e no tempo



numa canção que fica



permanece



aconhega



enobrece



e anoitece...






Vida



Saudade



dos amigos que partiram



Do que ainda não vivi



De tudo que canto numa Taverna



em cada noite que finda



e a mente faz relembrar histórias



e inventar estórias



inesquecíveis



e abençoadas.






Vida



Mar



Gaivotas perdidas no areal






mas não solitário com um grito



infinito



que fará



para todo o sempre



parte de mim....






Wednesday, September 21, 2011

Os Outros e Eu



Até gosto do ano em que nasci...1973...
Parece-me um número bonito
e a década foi farta em revoluções
originalidade
união
grandes poemas
músicas intemporais e inesquecíveis...

Não gosto do ano em que vivo...2011...
Parece-me um número feio
um início de década atribulado
onde tudo se copia
algumas coisas ( e pessoas) se transformam....
onde as Redes Sociais
colmatam a falta de tempo
para estar com os outros
e comigo também.
Até os poemas que escrevo
me parecem repetidos.
Só a música se "safa"
pelo número de pessoas com talento
mas a quem Portugal não dá valor...

No ano em que nasci,
os Outros eram unidos
preocupavam-se
eram amigos.

No ano em que vivo,
não há grupos - a não ser no Facebook
As pessoas só olham para o seu umbigo
e cada problema que têm é o centro do mundo.
Andam tão cansadas
pressionadas
desgastadas
que quem leva a bofetada
é "o elo mais fraco"
e não quem bem a merece.
Já não há amigos...
há conhecidos
e colegas de trabalho.
Mas...começo a acreditar que...
também a palavra colega....
também essa
está a entrar em desuso...

No ano em que nasci,
as pessoas tinham um emprego
e uma vida social e familiar.

No ano em que vivo
as pessoas são escravas do trabalho
e dos Outros
e sobrevivem, não vivem....
apenas correm atrás uns dos outros...
ainda não percebi muito bem porquê.
Alguns, tropeçam
caiem
são atropelados...
ninguém se entende...

No ano em que eu nasci,
Portugal estava prestes a gritar "Liberdade"
e as pessoas eram verdadeiramente felizes
com tão pouco e um cravo na mão.

No ano em que vivo,
existe libertinagem
falta de educação
desrespeito pelo outro
falta de brio profissional...
Toda a gente entrou em falência
com "ipods" no bolso e carros topo de gama.

O que aconteceu à felicidade do ano em que nasci?
Onde estão esses Outros
que eram amigos,
bons colegas,
bons pais?...
Onde estão esses Outros
cheios de tudo
neste ano cheio de nada?

Eu?
Eu estou aqui.
Estou farta e exausta do nada.
Talvez porque em mim
ainda vive o tudo
do ano .... em que nasci...


Saudade Triste






Um impulso de escrever



fez-me pegar na guitarra de cordas de aço



nada toquei



apenas sonhei



e relembrei...



a saudade anda comigo a toda a hora



é a irmã que eu não tenho



um pedaço de ti e de mim...



Sim....de ti, que deixaste de ser meu amigo



mas continuas a ler o que escrevo.



"Estranha forma de vida"



de ser



e estar



ausente



quando se quer presente.



A saudade não vai embora



e, quando não é ligeira,



entra em casa e mora connosco



cansa e desgasta



dilacera a alma e o coração...



corrói e destrói....


É uma tristeza....






Tuesday, August 2, 2011

Uma carta para ti....


Para um Edu que já não existe....


Pergunto-me quando irei gostar mais de mim do que dos outros...
Quando aprenderei a ser verdadeiramente egoísta ao ponto de me amar,
mimar,
cuidar mais
do que aqueles que parecem gostar
de mim.
Estou sentada no meu castelo
a pensar que, isto de ser princesa tem os seus custos.
Eu pago caro nas emoções...
A minha sensibilidade leva-me a gostar das pessoas que gostam das mesmas coisas que eu,
com a mesma intensidade,
a mesma entrega e cumplicidade.
Assim aconteceu, Edu.
Mas, eu estava tranquila,
no meu canto,
quando decidiste falar comigo,
partilhar músicas com as quais nos identificávamos...
Perguntaste se eu queria ir tomar café
e ficámos perdidos nas palavras
e nas imagens até às dez da noite...
Deste-me um Abraço que senti ser o último,
mesmo sem nunca to dizer.
Depois de muita partilha e troca de gostos, opiniões,
sugestões de escrita....
a tua Ausência...
Ontem, senti um murro no estômago -
daqueles que dóiem mais do que quando é a sério.
Finalmente, deste notícias, mas eram tão más, tão tristes,
que eu nem queria acreditar.
Pediste para me afastar de ti.
Tens a Loucura dos Poetas,
o extremo dos escorpiões.
Deus queira que não te arrependas,
que isto de afastar os Amigos
em prol de um Amor
é duro de se ouvir
e difícil de entender.
Mas, que amor é esse onde não cabem as Amizades
e Afectos que construíste?
As desculpas evitam-se!
Estava tão em Paz...
O que foste fazer e com que direito?
Estou triste.
Tenho pena....muita pena....
e, infelizmente para mim,
sinto saudades...
Hoje, tinha mesmo de escrever
que a minha alma rebentava
se eu não o fizesse.
Sinto-me exausta....e, como diria Eugénio de Andrade..."As Palavras estão gastas...Adeus"....
com uma dor imensa em saber que te perdi para sempre.

Escrito na noite de 1 de Agosto.
Foto de José Eduardo Andrade

Tuesday, July 12, 2011

A casa dos pensamentos






Encontrei a minha casa....a ideal, a genuína, a verdadeira...



É virada para o mar



nas paredes, a escrita é poesia



e o vento traz fados



guitarradas



blues e jazz...



O meu quarto chama-se Pessoa.



A cozinha é de Espanca.



No hall da Entrada, Álvaro de Campos



e na sala



Eugénio de Andrade



e Sophia de Mello Breyner



estão de mãos dadas



em direcção ao alpendre



onde



à noitinha



me sento



me leio



e me escrevo.



Toda a casa é um livro sem folhas



um espelho de mim



e de quem ama as coisas boas da vida...



Olhar para dentro,



sorrir,



ter um amor de mão dada



cumplicidade



e um luar



que acalma



apazigua a alma



ilumina



e aquece.



Bons pensamentos, estes



que encontrei para viver com.






Monday, July 4, 2011

Há pessoas que não são gente....



Há pessoas que não são gente
que querem um brinquedo que não tiveram
e fazem birras, apontam armas a quem semeia e quer colher paz.

A vida é assim: uma bola gigante de menino
com um pólo positivo e outro negativo.
Num, reina o gelo, há espadas, palavras impulsivas e magoadas...
No outro, reina o sol, o calor, a paz, o amor....

Resta a cada um escolher o seu canto para viver...

Eu escolhi o calor...tem música, batuques, sol, luar, estrelas
e palavras num universo onde não é preciso escrever
porque o amor paira no ar.
Vivo aí, com os meus amigos, com quem gosta de mim...
e tb com seres que eram apenas gente e se tornaram pessoas de alma e coração.


Friday, July 1, 2011

Beleza Rara



Fazemos um esforço imenso para não ter saudade das pessoas de quem gostamos e tivémos de deixar...



Apesar da vida ser em frente, e nos esforçarmos por viver o Presente - é o único que vale a pena ( ou quase...).... o Passado é bonito e faz-nos rir e chorar e, às vezes, só por vezes, a tristeza da ausência pode ser bonita e ter um encanto único e especial....



Vidas....






Sunday, June 26, 2011

Viver o Agora


Viver o Agora, com Garra e Alegria é o melhor que podemos fazer a nós próprios cada dia.
Podemos, até, não saber o que queremos, mas se soubermos o que não queremos, já fazemos uma filtragem.

Na vida tudo são aprendizagens, mas não devemos ficar presas às mesmas...caso contrário, não vivemos o Agora, nem passamos para o Futuro, que pode ser promissor - e temos de acreditar que sim.

Sempre achei que, o meu nome devia ser Maria Saudade...todos os dias, algo me remetia para alguém que já passou e não passou, para alguém que magoou e/ ou não valeu/ nem vale a pena.
Hoje, um Anjo disse-me que "Nada acontece por acaso" e todas as pessoas que aparecem na nossa vida, aparecem por uma razão: para crescermos, evoluirmos, estarmos mais atentos... seja o que fôr... mas, se essas pessoas passam e não ficam, não fiquemos nós presos a elas, porque nunca seremos felizes.

É suposto sermos felizes, fazer por isso, acreditar para que, de alguma forma, com a força da crença ( nem que seja num sapato), coisas boas e positivas se coloquem no nosso Caminho.
Por isso, há que enfrentar os medos e viver, literalmente, cada minuto...sorrirmos, na tranquilidade, e não existir ansiedade nem taquicardias, porque não existem expectativas...existe esperança inconsciente e diária e um Acreditar no minuto e no segundo, em nós e naquilo que queremos para que a nossa Alma cante, dance e deixe de uma vez por todas as tristezas, dilacerações e o fardo do passado de lado.

Bendito Anjo que, hoje, passou por mim e me acordou para a verdadeira vida...já tinha saudades! :-)))))


Monday, June 20, 2011

No dia em que eu fui feliz....



Senti-me criança



junto daquele que pensei ser amigo



companheiro de estrada e escrita.



Saltei de um banco de jardim



e o mundo veio comigo



como uma bola azul



da cor do céu



em auréola de esperanças vãs



mas bonitas



pelas palavras que prenderam



arrebataram



e sofreram.



A vida faz-me sempre escrever imagens



e fotografar palavras.



No fundo



são músicas da alma



pinturas e tatuagens



cravadas nos espinhos dos sonhos.



No dia em que fui feliz



não houve amanhã



apenas senti e vivi o presente



nos baloiços do parque



e numa conversa



que não queria terminar.



Há momentos únicos.



Há momentos felizes.



Este foi irrepetível e único.



Friday, June 17, 2011

"You're forgiven, not forgotten"



Violinos da Irlanda



chamam por mim....



Estou sentada num penhasco verdejante



com pensamentos



sonhos



vontades



resoluções.



O meu "litlle wing" paira no céu



e junta-se à minha solidão encolhida.



O céu está cinzento



como a alma



como o passado



que pesa em fardo.



Vida imprópria para cardíacos



na imensidão da vivência de tantas emoções



que são reticências



interrogações



medos



interrupções



tristezas



nos sorrisos, intervalos



que compensam



e apetecem mordazmente



sem lugar nem tempo



eternos e etéreos



felizes



para sempre...



Wednesday, June 15, 2011

"Hope you're not lonely without me!"





( a escutar Eddie Vedder....)








Há estradas da Vida


que nos brindam horizontes de liberdade


com guitarras em mi menor.


Nostalgia do que não se viveu


vontade de saltar dos mais altos penhascos


correr com os cavalos no meio do deserto


viajar dentro de nós


e serenar a mente...


Conhecer pessoas que se cruzam com a nossa alma...


Entroncamento infindo que não se desfaz...


Salta


Relembra


Magoa


mas liberta...


Explicar o inexplicável


só misturando


Vedder, Pessoa, Espanca...


Trio perfeito


no sofrimento bom


que se vive


dilacera


evita


e não se explica.


Pego no carro


coloco o cd


e saio com esta música


que tanto me apraz


e traz


e levo os meus pensamentos comigo.


Sorrio...


Assim, sem explicar....sem medo... sou feliz!




Sunday, June 12, 2011

A Casa da Avó Aninhas

Era uma eira repleta de primos, poesia e violinos ao luar.
Era uma casa de paz e sorrisos, de pão, presunto e vinho tinto.
Era uma casa onde o avô fumava às escondidas e andava de bengala.
Era uma casa com campos de centeio, pomares de laranjeiras, vinhas, fontes e riachos de água pura...
Era uma casa onde os adultos de hoje pensavam, de forma inconsciente, que seriam sempre crianças e para sempre felizes.
A casa da avó Aninhas será sempre o meu refúgio, o meu lar de aconchego, a minha valsa, o meu colo, o meu tango....porque era a casa de tudo e de todos....éramos tão família, éramos tão livres e unidos...não tínhamos poeira nos sótãos, não tínhamos passado – apenas o presente das cambalhotas e do jogo da macaca....o king, o meu fiel amigo que, apesar da sua condição de cão foi e será melhor que muitas das pessoas que se cruzaram no meu caminho...o futuro estava tão longe....e agora....agora, os tacões cresceram, o tempo passou, cada um casou e se afastou, a casa só existe na minha imaginação....
A minha avózinha foi para o céu há uns anos atrás, quando todos menos esperávamos.
Para mim, é uma estrela da manhã, é a minha eterna companhia em noites de agonia, em que a escuridão pesa e a sinto sempre presente.
Nunca teve muito dinheiro, mas tinha uma alma e um coração enormes....tenho saudades do seu abraço, dos lencinhos da mão de pano, que me dava pela Páscoa...tenho saudades de tão nobres e verdadeiras intenções...
A minha avózinha era a casa de todos nós, o elo da família, a paz personificada num corpo.
Quero acreditar que, esteja onde estiver, nos protege e se lembra do passado com o mesmo carinho e saudade do que eu.
Não tinha escolaridade, mas era sábia.
Sabia e compreendia como eu gostava de Fernando Pessoa.
Não julgava, não atirava pedras....no limite, desprezava...
E hoje, em dia de Sto António apeteceu-me falar sobre isto.
Não tem de haver razões para falarmos das pessoas de quem mais gostamos e nos fazem falta.
O lugar dela nunca será ocupado por ninguém.
Tenho um coração grande e, nele, cabem todas as pessoas que mais amo neste mundo....não são muitas....muitas, sim, foram as que amei, mas poucas são as que perduram no meu amor.
A minha avózinha e aquela casa, de pedra, com eira, virada para o rio, com memórias das melhores festas, das melhores Páscoas, dos ovos cozidos e pintados, da ignorância simples....nunca se apagarão de mim.....são “chama que arde sem se ver” e Camões também já não mora cá, mas persiste....a “ferida que dói” e que se sente.
Ao meu Anjo maior, que me ilumina e dá alento em momentos mais tristes, recolhidos e meus, aqui fica a minha pequenina homenagem...
Fazes-me tanta falta, avózinha!....

Wednesday, June 1, 2011

"Luar na Lubre"









Amanheci no chão da Galiza



Olhei o horizonte



ouvindo "Memória da Noite"



assim



dentro de mim.






Senti que me elevava a outro nível



que não o mais comum dos trauseuntes...



A voz e o grito em mim



Toda a beleza de uma tristeza



Toda esta imensidão completa



que não se descola



porque vive em mim.






Olhei os pastores



a escuridão



as guitarras



os bosques



as pessoas...






Preciso voltar



porque indo lá



encontro-me em mim



numa sonoridade



e intensidade



que é um adeus adormecido



e nunca morre....






A vida é isto...



e, pela beleza de pequenas grandes coisas vale tanto



mas tanto a pena....nem que nos entristeça e faça chorar....






Friday, May 27, 2011

"You'll follow me down"



Quando os lençóis deixarem o nu a descoberto

As cortinas do quarto partirem

E a lareira acender sozinha...


O suor

As palavras trocadas no imaginário real

Que nos reage

Quase age

e no quase tudo se ilumina

deseja

e é perfeito.


Mais um desejo

Mais um beijo

Dois flancos que balançam

e um sorriso maroto

e feliz

que se espanta

e, por fim....descansa....



Thursday, May 26, 2011

Eu, em mim...


Tenho saudade...
Tenho tantas saudades...

No dicionário da minha vida, é a palavra que mais me marca
E a que melhor me identifica
A que espelha a minha alma nos pensamentos junto ao mar
A que me pendura nas estrelas e me faz querer de volta quem já partiu...

Tenho saudades do que vivi, do que não vivi e do que me apetece tanto viver...

Tenho saudades do feno, dos girassóis, do vento, de ti, de mim, de nós... mesmo que insista em esquecer... "o coração tem razões que a própria razão desconhece"...

Tenho em mim todas as emoções que ninguém viveu.

Tenho um coração rasgado, constantemente remendado, qual colcha de pacthwork e, por muito que me espetem facas, seja cristo-mulher, magoem, dilacerem... eu tenho num cantinho pequenino do meu coração uma pequenina Madre Teresa de Calcutá, que tem pena dos pobres, que tenta perdoar, não deixando de se magoar.

Tenh oem mim as mais nobres baladas, as músicas dos anos 80, os cd's e a voz da Rita Guerra, da Lilian, do Kiko e da Luísa, o piano do JF, a guitarra do Claudio e do Fernando... tenho saudade de os ouvir, de os ter nao só na memória, mas em frente a mim para me fazerem sonhar e voltar a ter saudades.

Tenho em mim este remoínho que dói e não deixa de ser bonito.

A saudade e a tristeza costumam falar à janela e andar de braço dado no passeio da minha rua.

Dou-me tão bem com elas...

Porque elas, sou toda eu....

Thursday, May 19, 2011

Every time we say goodbye....


Quando dizemos adeus aos sonhos
choramos sempre um bocadinho...

Quando os nossos gritos são vagabundos
e a guitarra solta a voz
também gritamos...e choramos...

O riso e o choro...
Duas faces de uma só moeda...
Tão longe e tão perto do que pode acontecer...

Ai, os caminhos que não consigo e desejo fazer...
Sinto o Adeus perto
sem a história ter começado na carne dos meus girassóis.

Sôdade...

E as minhas palavras, hoje, morrem aqui....revoltadas e tristes.

Adeus!

Wednesday, May 11, 2011

MEDO



Dedicado ao Peter Pan....

Ai, quando o medo toma conta da casa, do quarto
e do sótão dos nossos segredos e desejos...
Reprimo o chão que piso
os chinelos que não gasto
o rádio que se desgasta em músicas sem fim
e me lembra
ainda mais
não só de mim....

O medo...
Não de pode fugir dele
tem de se enfrentar...
mas eu não posso estar com ela
eu sei que vou querer beijar
abraçar
e amar
num silêncio infindo e etéreo
porque tenho de voltar...

Eu sou um menino feliz
não posso hesitar...
mas, ela....ela faz-me sonhar e pulsar...

Quando sentimos o dois a ficar um
com empatia
cumplicidade
alegria
e reticências...
Tudo pode ser bom
mas....eu estou preso...

O meu sótão não permite
que passe além da ilusão esta realidade
que é a diária saudade calada
e espero
nunca amargurada.

A escrita em dois.
Os pensamentos em dois.
Tudo dá um.

Nunca fui bom a matemática...

Talvez, por isso, seja feliz
e porque abro a porta
não da casa
mas da alma
para quem comigo se cruzou
assim
do nada
e partilhou
e ficou.

Nesta confusão
à espera estará uma solução.

Tenho medo.
Tenho casa.
Tenho quarto.
Tenho sótão.
E tenho uma janela
onde
de quando em vez
grita uma gaivota
e eu gosto de a ver voar
de a sentir bater na minha vidraça
porque mesmo sem falar
cada um de nós sabe o que o outro passa....

Tuesday, May 10, 2011

Os sonhos dos nossos caracóis....



Acordei a sonhar

numa casa com balões

poetas

bonecas de trapos

e folhas de outono

que fazem barulho

quando damos as mãos

e saltamos sem parar

em cima delas...


É a dança do sonho da vida

que se queria

e não pode ser.


Tem um cavaleiro andante

de olhos negros e gentios

que me faz sorrir

com palavras

e cumplicidades de criança...


Adormecemos à lareira

e acordamos na inocência

de não saber

o que aconteceu no vale de lençóis.


Nascemos assim...felizes e sonhadores...


Basta um olhar sem olhar

Basta sentir

Falamos em silêncio

e à distância

e não conseguimos dizer adeus...


Sabe tão bem ter um espelho da alma...


Sabe tudo tão bem

nesta prateleira que

sem querer

criámos

inventámos

e alimentamos.


Já não somos crianças

mas sentimos e vivemos como elas...

inocentes e felizes...sonhadores...

perdidos nas estrelas

no sol

no luar

e no mar...

perdidamente perdidos dentro de nós....


Friday, May 6, 2011

Ásia



Cheira-me a Tailândia

a chapéus em bico

olhos de Gueixa

pézinhos curtos e esguios

montanhas de cortar a respiração

perder a vista

e ser feliz

sozinha na plenitude e imensidão

da paisagem e grandeza da alma

com o meu amor

partilhando palavras

e dando lume ao branco da neve...

Estes cheiros que hoje me chegam da Ásia

começaram no chá com torradas

que preparei, com carinho, pela manhã...

um simples chá...

tão simples como um sonho

ou como a própria vida pode e deve ser...

Wednesday, May 4, 2011

Maria Saudade



Coisas invulgares



Gestos de ternura



e promessas cumpridas






Sou uma Gaivota



uma Maria Saudade



de histórias sonhadas



e não vividas






Poderiam ser castelos no meio do mar



com quem me acompanhasse e partilhasse



o árduo caminho da estrada...



com poesia



fotos a preto e branco



música



bom vinho...



coisas simples...






Se a vida reflectisee os nossos sonhos...






seria...



mas, não é...



talvez seja....






o mundo é redondo



e a vida uma surpresa



e uma felicidade



que, um dia, bate no vidro...



qual gaivota a dizer "bom dia"......para uma Maria Saudade....

Wednesday, April 13, 2011

Banca Rota


Quando iniciei este blog, supostamente, seria apenas para dissertações, poesia e sugestões culturais.

A vida roubou-me tempo à escrita, o que é uma pena...

Aliás, a vida rouba-nos muitas coisas.

Somos constantemente assaltados e não damos conta.

Ao olhar para o "Estado" do nosso país fico apavorada.....

Mas, que governantes, políticos....que espécie de gente esteve a governar esta casa que, não fosse a chegada do FMI ficaria sem pão, água, leite....ficava sem as reformas dos nossos pais, que já penaram tanto ao longo da vida....

Não gosto desta casa.

Um semanário, na passada semana, trazia um artigo muito interessante...."Lá fora é que se está bem"....e traduzia exemplos de portugueses que, sem emprego cá dentro, emigraram e têm carreiras bem sucedidas com bons salários.

Dá que pensar!

Dá muito que pensar!

Está a assistir-se a um fenómeno de emigração como não havia antes do 25 de Abril...

Que ventos de mudança são estes?

Com direito a tsunamis, terramotos, centrais nucleares a explodir, vulcões a eclodir e dinheiro a desaparecer dos cofres do Estado?

Banca rota, mais que rota....é o estado geral da nação: sem dinheiro, sem emprego, sem afectos, sem nada.