Wednesday, November 17, 2010

Bolhas de Actimel


Hoje, apeteceu-me escrever....

A Carla Matilde é enfermeira na urgência de um hospital.
Todos os dias "embrulha" doentes, gere emoções fortes, vê o que ninguém quer ver...
A idade é tenra, mas a maturidade nem tanto...
Também aprendemos com os mais novos...
Um destes dias, disse-me que, antes de entrar no corredor da incerteza entre vida e morte, veste uma capa para se proteger de tudo... uma espécie de actimel, que a faça ser boa profissional, mas não a impeça de viver e ter discernimento para actuar.
Pergunto a mim própria se, nós, trabalhadores de grandes empresas,não deveríamos fazer o mesmo.
Trabalhamos mais de 12h/ dia, a uma velocidade anti-natura.

É importante a forma como se enfrenta o dia.
Caso contrário, seremos esmagados por ele.

Hoje, entrei na Bolha do Actimel.
Não deixei de dar tudo de mim, mas também não deixei que as más energias me afectassem e influenciassem...e, consegui vir até casa, a ouvir e sentir boa música.

A vida de hoje não é igual à de ontem.
Temos de nos adaptar, ser pró-activos, ter jogo de cintura para vivermos com saúde e ser felizes.
O actimel imaginário é o meu registo de hoje...não é um poema, mas permite-me chegar a casa com inspiração para flutuar pela escrita, pela voz, pelos sonhos...
Viver em vez de sobreviver...
Atrair energias positivas e rodearmo-nos de quem gosta de nós.
O segredo... o equilíbrio...

Um beijinho à Carla Matilde por me ter trazido este actimel tão especial.
Um obrigada gigante aos colegas de profissão, que se cruzaram comigo e foram surpresas magníficas, correntes fortes, pessoas inteiras, de corpo e alma.

Hoje, a vida é isto.
Vamos vivê-la, mesmo que tenhamos de alterar alguns comportamentos.
Em prol da saúde e de um sorriso, tudo vale a pena...até porque a alma - pelo menos, a minha - essa, nunca é pequena...

Thursday, June 3, 2010

Devaneios reais


A idade pesa para nascerem papoilas do campo
É tarde para tudo e tanta coisa
Há diferenças injustas que não se entendem
Que são fardo no 3º andar das memórias
Há um tempo que avança
E outro que persiste em ficar
Será loucura querer o sol e o luar?
A cama de ferro tem lençóis de linho
Mas, não tem companhia
Os livros contam histórias magníficas
E os cds preenchem a alma
Mas, não há partilha
Seguem pontos de interrogação
Na estrada que é a vida
Sem respostas
Injusta, de quando em vez
E orgulhosa e persistente
No destino que traçou.
Os estados de alma são a metáfora
De muitos sofrimentos por enterrar
Ultrapassar ou esquecer.
É assim, a vida... corrida, sem tempo e, às vezes, nem alento...

Tuesday, June 1, 2010

A idade dos comboios da nossa inocência



Leitor de cd: “um sorriso vale tudo”


Este texto é dedicado a pessoas generosas que fizeram uma música linda e emprestaram o seu talento e dedicação a uma causa nobre: A Terra dos Sonhos...
Este pequeno textinho é a minha homenagem a essa Instituição e a todos aqueles que se dedicam a ajudar os outros....




Sou uma bailarina de uma caixinha de música
E vim passear com um amigo, num comboio imenso
De sonhos
De girassóis gigantes
Montanhas verdes e brancas pintadas de chocolates e esperança
Recuei no tempo e não me apetece avançar
Nesta bolhinha de canções, emoções e afectos
A vida é tão melhor...
Sou inocente
Bailarina
Cantora
Sonhadora
Carpinteira do Pinóquio
A Bela do Monstro que vou encontrar um dia
Trabalho num circo
O comboio é gigante....
Cada carruagem é o inesperado bom...
Em cada janela, uma imaginação
Não há gritos mudos
E “um sorriso vale tudo”....

Saturday, January 23, 2010

Um tango no nevoeiro....a vida...


A tristeza e a Bethânia sentaram-se no meu silêncio a conversar

para eu conseguir chorar.

Não houve samba de neguinho, nem alegria.

Abriu-se uma porta do coração para deixar o lamento e a saudade sair.

Ficaram a esperança e um sonho de amor e aconchego,longínquo, distante...


Em sonhos, dancei um tango e entreguei-me perdidamente...

O suor transpirou reticências e lamentos adormecidos.

A loucura é assim...é a vida desviada...

Aparece intensa e desesperada

e deixa pendurado, ou na prateleira, o que ficou por fazer.


Nas vivências, as palavras intensas, a pele marcada e amada

num tempo efémero porque nunca houve tempo nem espaço.


Fica o muito do pouco, o mito, o grito, o alerta, o desespero do incompleto...

Ficam as mãos dos meus pianistas...as sonoridades mais bonitas e tristes..


E fico eu e a vida e o passado e o presente e o futuro

sentados na janela de um relógio que não pára

a tentar entender o porquê do lirismo dos prazeres diários

das vontades não darem lugar à realidade.


Como diria Jorge Fernando...."Ai, vida"...

Tuesday, January 12, 2010

The clown is crying




O palhaço tem por hábito um sorriso largo

uns olhos grandes e expressivos.

Esta noite, sentou-se na soleira da porta

com o coração partido na mão.

Passou uma criança e perguntou:

"Ficaste sem coração?"

"Partiu e nõ o consigo recuperar... Só o amor o pode reestruturar e, esse, não quer nada comigo!"

"Não fiques assim" - disse a criança - " Não percas a esperança! As coisas boas da vida acontecem quando menos esperamos."

O palhaço levantou o olhar, apertou o coração, olhou o luar e disse:

"É verdade o que disseste, mas é preciso acreditar...Eu só sei amar...amar perdidamente...estou velho e cansado e, se a vida não quis que eu fosse amado é porque não tinha de ser. É com mágoa que o digo, mas é verdade."

"E o teu coração, palhaço?"

"Está a chorar...."

Thursday, January 7, 2010

"That's all" é muito pouco para tudo isto


Sentei-me a ler os sons de cada dedo que deslizava no piano
Senti-me em New York City
Entre néons, saxophones, vozes negras
Jazz, soul, rhythm and blues
O andamento da música fez-me sentir o swing e dançar
A loucura é válida entre os sons e a cumplicidade
Não há limites
O palco e o público são um em êxtase e diversão total
O meu pé bate no chão
Fecho os olhos
A cabeça abana afirmativamente e com um sorriso
Que felicidade...
Se morresse agora, não me importaria...
É preciso sentir para viver!
“Baby, that’s all”


Dedicado a esse grande músico que é André Sarbib

André, um beijo e até jazz!

Charco da vida caída


Nas franjas do meu Fado
quis ser Severa
e Guitarra
dedilhada pelas tascas do Bairro Alto.

Fui a voz desigual
que rezou
e ousou cantar fervor
tristeza
ciúme
dor
e pecado.

Fui a alma dos versos
o refúgio de mim dentro
o desejo de todos
nas cordas por mim cantadas.

Sou as franjas do meu Fado
destino que me acolhe traçado.

"O caminho faz-se caminhando"
e eu cheguei aqui...
ao sítio sem nome
mas, onde sou...feliz!

Praia da Memória
26 de Dezembro de 2009