Friday, December 26, 2008

Presos dentro de nós




Tudo é complicado
Quando o longe fica perto
E nada é como sonhávamos que fosse…
Quando o grito fica preso na garganta
As cordas da guitarra partem
As tranças já cresceram
E os tacões também
E a meu lado…ninguém…

Talvez nada seja ao acaso
E a dificuldade seja mesmo viver
Com falhas na voz
A mudez das emoções
As janelas que se fecham
As portas que ficam por abrir
As letras que não querem sair
Para me libertar…

É tudo muito denso
Intenso
No sótão dos nossos afectos
E recalcamentos
Nas saudades do que não há
E do que já foi
E do que está para vir
Nas pedras onde marcamos passos
No horizonte onde sonhamos o infinito
E bebemos sol, mar e sonhos de um amanhã melhor…

É tudo tão complicado dentro de nós…

My "Robbie"


Voar
Por dentro dos sonhos
Além das nuvens
Acima de nós
Em camas de ferro
Suspensas em petroleiros
Navios de tudo e nada
Inundados de nós
De interrogações
E reticências

Voar
E prender algumas músicas
Momentos
Fotos
E instantes a nós…
Só a nós…
Que somos castelos
Perdidos no verde das planícies…
Castelos de muros altos
E contos de fadas
Com os mesmos sonhos
De costas voltadas
Somos o intervalo do “q”…
O mi bemol
O lago que congela no Inverno
A tristeza que assume
Dimensões universais
Gigantes
Dolorosas…
Assim, somos nós…
O voo…
A queda…

Eu já esqueci você


Eu já esqueci você

Canção brasileira dessa carne da boca em mim...
Esqueci a carne, a cama de ferro, o suor, e a pele do sal...
Esqueci o vendaval da paixão, os lençóis revoltos em guitarras dos nossos corpos.
Não esqueci o sonho, nem as memórias...ficaram na tatuagem que fizémos num cinema de luar e afim.
Canela
Coração
Gabriela
Mel em mim
Um beijo salgado
Tudo esquecido
Embrulhado
Em sinfonia e samba
Que ouço no canto do piano.
Mas, o sonho
O arco-íris...
Ele ficou
E durou em mim.

Tuesday, October 21, 2008

A eternidade pode ser isto...



Lá fora, chove...

Katie Melua faz-me companhia

num lilac wine de solidões impróprias e únicas.

Um Universo próprio.

Um vale.

Um verde.

Pingos de chuva

little wing...

Lendas e Contos de fadas

perpassam pelo chão sombrio

e transparente

voam

encantam.

Sentei-me numa poltrona

e aguardei o conforto

não sei bem de quê.

Um afago de alma

uma recta de coisas boas

e apetecíveis...

Um bom livro

uma boa história

um rosto de um velhinho

um sonho

um instante

um abraço

o cair da noite...



... o impensável.

Wednesday, September 10, 2008

Nada é ao Acaso...


Vou ser feliz
E dizer por aí
Que acreditar no pensar
É quase o caminho para acontecer
E ser
E viver
E sentir
E morrer....de prazer...
Descobrir em nós essências não trabalhadas
Começar a escutá-las, treiná-las...
Com espanto
Com sorrisos
E confiança....
Tudo é possível....
A Alma não é pequena
E os pequenos pedaços de nós
- tímidos girassóis -
Quando sentidos e equilibrados
Podem ser imensos como todo o universo que nos envolve e acolhe...

Thursday, September 4, 2008

Ainda é cedo para acreditar


Maria olhou para o céu... - o outono chegou mais cedo...na queda da folha e na quebra da alma – e pediu a um anjo que partiu que lhe désse força para continuar um caminho que devia ser “para a frente e para o alto”. Estava exausta.

Tinha-lhe descido um cansaço imenso....de tudo o que se faz tarde, de tudo o que se perdeu sem se ter, de tudo o que se sonhou amar, concretizar e fazer...
Quem inventou os sonhos?
Quem disse que íamos ser felizes?
Quem quis que os contos de fadas nascessem e criassem falsas ilusões nas mais tenras idades?
Quem traçou um trilho que quando é desigual nos aponta dedos e magoa?
Quem inventou esta vida de um mundo que não sabe o que faz?
Amores desencontrados, crianças esquecidas, cafés desmarcados...lembra o princípio do fim.
E quando se sente que o fim da linha pode ser próximo, o que se faz?
Como agir? O que pensar? Que rumo tomar?
Parece que a estrada estreita e, enquanto prosseguimos a marcha, não há luz no fundo...
Ensinaram-me um dia que, é preciso acreditar...que “Quando Deus fecha uma porta, abre algures uma janela” e que, “Atrás de uma montanha, existe uma outra ainda maior”...
Como nada é como dantes, é difícil acreditar...maria tenta, resiste, desiste e volta a acreditar...montanha russa de emoções e pensamentos cruzados...Fernando Pessoa, julgo, não pensava tão rápido, não chorava tanto, mas tinha as mesmas dores de alma...daquelas dores que, quem não é poeta não entende...dores caladas, sentidas, doridas e gritantes...
Amanhã, há uma pequena luz que pode ser este fim e, quem sabe...um novo princípio...

Friday, August 8, 2008

Beijo de Saudade


Beijo de Saudade

Quis o destino que eu nascesse junto ao mar
Com vozes de fado e cabo verde por companhia
Faço o que ninguém faz
Olho para dentro
Sinto o meu corpo e as minhas emoções a falar comigo
A dançar
Coreografia sem tempo
E ávida de desejo
A mágoa do que não foi
A certeza do que não será
- como se, na vida, certezas houvesse... –
Corrói-me o fígado e as veias
O intrínseco em mim
A alma destroçada
À espera que se remende e sobreviva
Que se levante do chão do mês de Agosto
Que cheire o sal do mar
Sinta o abraço do infinito
E acredite que a vida re-existe sempre que uma mulher quiser...
“Um novo amor no meu jardim...”

Sunday, July 27, 2008

Inventa-me






Despe a lua
E serei tua
De corpo ausente

Canta às Estrelas
Embala o meu sono
E dá-me a tua mão
Pelo consolo do aconchego
E da liberdade.

Faz-me um favor,
Responde ao clamor do meu coração...

Sou a Sereia
Perdida no mar.
Sou a Deusa por achar
Na imensidão do verbo Amar.

Descobre o meu rosto e me acharás
Depois, me inventarás
Serei o barro que as tuas mãos irão moldar
Com traços singelos, mas definidos.
De barro, passarei a mulher:
A tua criação perfeita.
E a minha reconstrução
Será um desenho teu, mas com vida.

Agora, sou real, outra vez
E, juntos, descobriremos melodias diferentes:
A da troca dos nossos corpos
Numa cama de ferro antiga
A de um beijo molhado
Na emoção orgásmica e ansiosa do desejo,
Um simples murmuro de uma palavra de amor...

Quanto não vale a criação humana:
Transformar...
Criar...

Tudo será nosso
Na noite em que eu sair dos desenhos
Me deitar naquela cama antiga
E tu despires a lua...
Aí, serei tua...e só tua!

Monday, July 21, 2008

Laços de Família


Há momentos
Instantes
Flashes....
Que nos fazem sonhar
Ser eternamente alegres e crianças
No momento etéreo que são umas horas do dia

Há dias especiais sem contar que o podiam ser
E esses ficam para a história
Como únicos e pessoais
E serão revisitados nas páginas da memória
Com uma música de infância
E um sorriso no rosto

Bailes da aldeia
Noitadas de luar sem fim
Sorrisos da alma
Alegria eterna

Quem já se foi, sorri do céu
E fica feliz e descansado
Porque os Laços de Família ainda existem...
A tristeza e a solidão foram embora
Os afectos estão naquilo que não se vê, mas que se sente
Pendurado nas estrelas
Alojado para sempre nos corações de cada um de nós.

Quero guardar este bocado de tempo bem vivo, e vivido, nas minhas recordações para cada vez que abrir a janela e o visitar sorrir sem jeito................

Wednesday, May 28, 2008

A Alma e a Vida


Recortes de um caminho que se cruza

com o que se não fez.

Saudade de Alberto Caeiro,

da simplicidade,

dos jardins de serralves,

da vida inteira pela frente

dos meus 18 anos...

Os sonhos de poupanças

de amores a viver

mimos e afectos descomprometidos

realizações futuras

do que pensei em criança...

Recortes

bocados

pedaços que se juntam

e completam

histórias únicas de um carácter próprio,

de uma personalidade,

de alguém que encerra

segredos e recantos e encantos

jardins proibidos

novelas de época.


"O que a alma comprime, o corpo exprime"


E tudo se dói

e se sente

e recai


É a "volta"

uma música de Madredeus

uma saudade

uma lágrima

um infinito sem mais adjectivos

intrrogações ou reticências.

Um Infinito apenas

do caminho que pode continuar

por aí

por ali

acolá...


Hoje, um caminho...

Amanhã, retalhos da história que foi...

A Alma da Gente.


Sunday, April 27, 2008

25 de Abril, o meu74


Nasci a 21 de Novembro de 1973, mas no meu sangue corre Abril Sempre, e Para Sempre!
Estremeço, sempre que ouço uma música da revolução.


Deixem que, este seja o meu Manifesto Anti-Dantas da Actualidade, numa sociedade sem norte, ávida de revolução, respeito e futuro.


“Canta, canta, amigo canta/ Vem cantar a nossa canção/ Tu sozinho não és nada/ juntos temos o mundo na mão”

25 de Abril, o meu 74!

Searas
Procura de pão
Força de vida
Música
Revolução

Este é cravo
Do fado que vive em mim...

Cadeia de poemas
Com todo o sentido da nossa história.

Dia único
Irrepetível
De memórias
De símbolos
De formas de estar na vida

O meu Abril é utopia
É lágrima de saudade
Por já não haver Zecas
Nem garras assim...

Se os túmulos saíssem do pé
E tudo se reavivasse
E solidificasse...

Leitarias Garrett
Cravos
Bruxas
Cravos
Sangue
Cravos
Guitarras
Cravos
Uma espingarda
Um cravo
Uma gaivota
Um cravo
Uma canção
Um olhar
Um amigo
Um amor
Uma força
A Eternidade
PUM!!!!

Sunday, April 13, 2008

Meu piano, meu Blue


Meu piano, meu Blue

Neste oceano de notas
Eu me transformo e transpiro
Sendo eu.
Um amor
Um prazer
Na ponta dos dedos
Onde pesa todo o meu corpo e pulsar.
Sou um pássaro a voar
A tocar.
Sou aqui e além
Só e alguém
Com e sem ninguém.


Neste oceano de notas
Eu me transformo e transpiro
Em poros de “blues”
Whisky, Jorge Palma e passado

E quando páro de tocar
E olho para ti
Consigo ver o melhor de mim
E este oceano de notas
É a minha canção
A nossa música
O teu perdão



Dedicado ao "meu" pianista

Sunday, March 30, 2008

Maria das Pernas Compridas


Maria das Pernas Compridas

Tão ligeira que a terra alcanca depressa
E devagar
Paleta de cores de fundo
Adivinham um arco-íris a chegar...

Maria chuva
Maria penina – mistura de menina com pequenina

Abraça e beija a terra
Emana um cheiro próprio e inconfundível

Através da vidraça
Dos budas
E do meu bonsai
Consigo ver as gotinhas de agua que me deixa na janela
Insiste sempre em bater à porta
E relembrar que ha-de voltar
Haja seca ou não
Ela ha-de voltar
Para passear junto ao mar
Visitar as casas e as pessoas de quem gosta

Maria das Pernas compridas é assim
Única
Desvairada e louca
E muito necessária
Por muito que não gostem dela...


“Maria, volta depois do Verão...dá agora lugar ao sol...precisamos aquecer a alma e o corpo...volta no inverno, para os serões alegres da lareira, dos livros, dos amantes e do chocolate quente pela noite dentro...”

Wednesday, March 19, 2008

Rituais do Chá



Poderia ter sido no Japão


ou no filme 'Seda'


como paisagem de fundo


mas o sentir do nosso corpo


através das mãos do outro


foi no chão


na terra


no húmus


de um Deus desconhecido e infinito.


Dedos por dedos


entrançados


iludidos


serenos


concretos


pesados


intensos de brinquedos


de histórias de infância


de mim


de nós


do mundo do eu...


físico


espiritual


carnal


de ninguém...


construções de legos


com o físico de nós


alívios da alma


e da tensão acumulada


neve que morre


para dar lugar à Primavera


o mau em bom


o incerto em sentimento


o nada em tudo


a calmia na vida...




Monday, March 10, 2008

Senhora do Mar




Porque ainda há músicas de festivais que valem a pena...


Inspirada numa promissora voz portuguesa, no embalo de uma música forte e bem nacional, nasceram estas palavras a que chamo de poema...




ines










Senhora do Mar




Auto da India até mim


Veleiros brasileiros


som de canela e marfim


cheiro de mar e sal


saído do Cais das Colunas


até um Além de Fado


Negro


Meu.




Ventre esvaído


Raça orgulhosa de pé


e frontal


Música de Sempre


Sons de Tudo


Passado e Futuro


num Presente eterno e Etéreo


de força


Luta


Tristza Profunda


e um Amor Imenso


pelo Hino


por Nós


pela Pátria de D. Sebastião




É uma bruma densa


Carregada


Intensa


de Paixão...

Tuesday, March 4, 2008




Rugas de Ternura



Que se engane quem sonhar que as nuvens não sonham

Ou as flores mais experientes do campo não se amam...


A caminho do princípio,

Observo alguns bancos de jardim

E contemplo uma infância tardia

Um olhar inocente carregado de ternura

No meio de rugas que não sobressaiem.


São luas-cheias que imperam


Nos veleiros de duas vidas

Que se cruzaram e amparam...

Caminham juntas, de mãos-dadas...

Almas gémeas de afectos e algumas particularidades

Que transparecem, mas não se designam...

Assim é o amor

Noutra idade que não a minha...


Tranquilo, pleno, sereno, completo...


Que importam as rugas, as dores nos joelhos,

As doenças piores...

Há ternura e amor.

O mar é imenso.

Os sonhos são eternos.


A vida, assim, é inteira.




Para a Teresa e o António,


Com um carinho imenso.

Saturday, February 9, 2008


Alliah


o meu espaço, a minha praia, o meu céu


Alliah é um espaço entre o céu e a terra

um equilíbrio

um ambiente zen

uma consciência corporal

uma respiração pausada e profunda

um tecido laranja, de seda, que envolve os monges budistas

uma paisagem

uma fotografia

um mar imenso

uma sensação de Paz...


Alliah pode ser o que cada um de nos quiser

depois de estar no espaço, no cheiro e nos bocejos de cada um de nós...


Alliah é o meu espaço de Yoga

o momento em que me reencontro e me sinto

me auto-ajudo e contemplo

em equilíbrio com os outros e o mundo.


A verdadeira sensação de saúde esta la, quando sentimos cada bocado de nós

e nos deixamos descansar e contemplar com energia positiva e uma música tranquila.


"Para a frente e para o alto"


Um abraço gigante à Teresa.

Um obrigada especial à Sofia, por me apresentar esta "subida" :-)

Sunday, February 3, 2008


Os bicos estão no meio da roda



Menopausa das tranças pretas do passado

Valvula mitral

e taquicardica

que não descansa

acelera

e descamba



pum pum

pum pum



Qual Manifesto Anti-Dantas

Almada do seculo XXI



Inspiração pro-activa

num momento de desespero

agonia

grito de gaivota

que voa alto

e rasante



Discurso de Felicia Cabrita

num livro às memórias de Africa



Arrojo

Atrevimento

Revolução



Sou eu a sair de mim

A impor os tacões

e a mandar na vida

que é minha

do mundo

e mais ninguém.



A roda é o Universo

Os bicos, as dificuldades



Dançando

Sambando

Num jogo de cintura atribulado

tudo corre

e tu passa



O que fica

e permanece

é o que está nos entretantos

e um dia descansa...

plana em mar alto

como a gaivota que adormece...




Wednesday, January 9, 2008


A Morte em Vida


Curvei-me no desassossego de uma solidão

que não foi inventada.


Posição fetal

musica triste

ruas de Nova Iorque

Bairros pobres


O Balanço continua

sobre mim mesma

e o eco de um blues

no underground de um bar negro

aquece-me a alma e o corpo.


Pianos a sair de mim

saxofone a passear

pelas veias de uma bailarina.


E assim fico e permaneço

muda e calada

sentada num canto

com tanto para contar e encantar.


A vida tem destes retalhos e desesperos

sobre nós e sobre os outros.


As marcas

As tatuagens

A desilusão

Asolidão.