Sunday, March 30, 2008

Maria das Pernas Compridas


Maria das Pernas Compridas

Tão ligeira que a terra alcanca depressa
E devagar
Paleta de cores de fundo
Adivinham um arco-íris a chegar...

Maria chuva
Maria penina – mistura de menina com pequenina

Abraça e beija a terra
Emana um cheiro próprio e inconfundível

Através da vidraça
Dos budas
E do meu bonsai
Consigo ver as gotinhas de agua que me deixa na janela
Insiste sempre em bater à porta
E relembrar que ha-de voltar
Haja seca ou não
Ela ha-de voltar
Para passear junto ao mar
Visitar as casas e as pessoas de quem gosta

Maria das Pernas compridas é assim
Única
Desvairada e louca
E muito necessária
Por muito que não gostem dela...


“Maria, volta depois do Verão...dá agora lugar ao sol...precisamos aquecer a alma e o corpo...volta no inverno, para os serões alegres da lareira, dos livros, dos amantes e do chocolate quente pela noite dentro...”

Wednesday, March 19, 2008

Rituais do Chá



Poderia ter sido no Japão


ou no filme 'Seda'


como paisagem de fundo


mas o sentir do nosso corpo


através das mãos do outro


foi no chão


na terra


no húmus


de um Deus desconhecido e infinito.


Dedos por dedos


entrançados


iludidos


serenos


concretos


pesados


intensos de brinquedos


de histórias de infância


de mim


de nós


do mundo do eu...


físico


espiritual


carnal


de ninguém...


construções de legos


com o físico de nós


alívios da alma


e da tensão acumulada


neve que morre


para dar lugar à Primavera


o mau em bom


o incerto em sentimento


o nada em tudo


a calmia na vida...




Monday, March 10, 2008

Senhora do Mar




Porque ainda há músicas de festivais que valem a pena...


Inspirada numa promissora voz portuguesa, no embalo de uma música forte e bem nacional, nasceram estas palavras a que chamo de poema...




ines










Senhora do Mar




Auto da India até mim


Veleiros brasileiros


som de canela e marfim


cheiro de mar e sal


saído do Cais das Colunas


até um Além de Fado


Negro


Meu.




Ventre esvaído


Raça orgulhosa de pé


e frontal


Música de Sempre


Sons de Tudo


Passado e Futuro


num Presente eterno e Etéreo


de força


Luta


Tristza Profunda


e um Amor Imenso


pelo Hino


por Nós


pela Pátria de D. Sebastião




É uma bruma densa


Carregada


Intensa


de Paixão...

Tuesday, March 4, 2008




Rugas de Ternura



Que se engane quem sonhar que as nuvens não sonham

Ou as flores mais experientes do campo não se amam...


A caminho do princípio,

Observo alguns bancos de jardim

E contemplo uma infância tardia

Um olhar inocente carregado de ternura

No meio de rugas que não sobressaiem.


São luas-cheias que imperam


Nos veleiros de duas vidas

Que se cruzaram e amparam...

Caminham juntas, de mãos-dadas...

Almas gémeas de afectos e algumas particularidades

Que transparecem, mas não se designam...

Assim é o amor

Noutra idade que não a minha...


Tranquilo, pleno, sereno, completo...


Que importam as rugas, as dores nos joelhos,

As doenças piores...

Há ternura e amor.

O mar é imenso.

Os sonhos são eternos.


A vida, assim, é inteira.




Para a Teresa e o António,


Com um carinho imenso.