Monday, January 23, 2012

Incógnita



Sábado, meio da tarde de um inverno com sol...

Fui até à Ribeira tirar umas fotografias... o dia convidava a caminhadas, a respirar ar puro, ver paisagens bonitas, ouvir as gaivotas, o som dos barcos no rio...o velho casario colorido levantava o passado que se fez presente pela roupa de marca nos estendais...este retalho da cidade é único e, como soube bem ter usufruido de umas horas diferentes e tão enriquecedoras para a alma, sem gastar dinheiro...

Depois, decidi ir lanchar ao Magnus....já lá não ia há tanto tempo....serve o melhor cappuccino da cidade e tem um ambiente literário com o qual me identifico...um cafézinho simpático e diferente...

Penso que, a dada altura, te vi entrar, mas....serias mesmo tu?

A Matilde perguntou-me “o que foi?”, assim que me viu rodar a cabeça para trás.... “não sei....pareceu-me...”....bom, se eras tu, vinhas com o teu amigo portátil na mão e sentaste-te ao fundo, num canto, junto às casas-de banho...

Não me perguntes porque não me levantei, porque não te telefonei...não te sei responder....mas, tive uma vontade repentina de o fazer e te beijar os lábios...levar-te o sol quente da ribeira...

Acabei por sair do café e ainda passar na Foz para fotografar o por-do-sol...

Eras mesmo tu que tinhas entrado naquele café, quando eu desgustava a espuma do meu cappuccino?....

Wednesday, January 4, 2012

"Ai, Solidom...."




...cantava Dulce Pontes, há uns anos atrás, num album memorável, único e inesquecível.
Depois do balancete do ano, onde os pratos oscilam entre o mau e o bom, a tempestade e a bonança...procura-se cá dentro de nós, nas gavetas que há muito não se abrem, nas caixinhas ( algumas, de música)....bom, procura-se um equilíbrio num caminho nem sempre fácil...onde nos deparamos com imagens, vozes, cheiros...
Nessa busca interior, rasgo sempre de saudades...e, sim, repito a cada dia que passa...dos afectos, do tacto, do abraço, da paixão que incendeia os pulmões, do amor descomprometido, livre no sentir, mas sentindo também "que eu sou tua e tu és meu"... enfim, uma mistura de prisão libertadora...um dar as mãos, de forma entrelaçada e apertada nos nós dos dedos, sem darmos por isso...
Faço uma retrospectiva cinematográfica e faço "pause" em alguns momentos...como se fosse a uma prateleira, dentro de mim, e fosse relendo trechos sublinhados de livros antigos, mas que nunca esquecerei...
Assim acontece com a vida.
Ao parar nas esplanadas, areais, passeios, mergulhos inesperados e perigosos, onde fui tão feliz, o meu olhar baixou, apagou... até o cabelo escureceu com vontade de, por breves instantes, reviver na vida real, esses momentos de glória que viverão, para sempre, na minha memória e inconsciente.
O telefone toca...não me apetece atender...
Alguém fala...não me apetece responder...
Nesta pequena viagem, reabri feridas e perguntei "porquê?"...porque "o que não nos mata, torna-nos mais fortes" e porque os meus quase 40 anos são muito mais que a vida de muita gente.
Dentro dos meus anos, sinto vários vidas: tristes, alegres, sofridas, com medo, deprimidas, efusivas, dançantes... sempre intensas, imensas e desmedidas.
A minha vida é a história em cima de um palco, onde comédia e drama se misturam e intercalam.
Continuo a olhar para dentro e a parar em alguns momentos.
Sinto falta dos beijos e dos abraços, do olhar nos olhos, do bater uníssono de dois em um.
Creio que, a vida nos surpreende a cada esquina e, a cada dia que passa, podemos ficar com um brilhozinho nos olhos porque, de repente, sem contar, nos apaixonamos de novo e perdidamente.
Espero por esse momento com saudade...sim, uma saudade do futuro...do que já vivi e ainda quero viver.
Mas, sei que, até lá, tenho de estar distraída, senão, o impacto não será o mesmo e pode até nem acontecer.
A niote já caiu.
Já jantei.
É hora de fechar os baús e voltar à realidade.
Posso visita-los sempre que quiser e, penso que, talvez seja o melhor das vivências sentidas...ficam connosco para todo o sempre.
O telefone toca.
Vou atender.

Tuesday, January 3, 2012

"Quando me quiseres encontrar...."


( É uma frase do album "Retrato", de Rita Guerra...)

....estou na vidraça, a olhar a chuva sobre o rio.
Sabes que, o casario da Ribeira, as cortinas de renda, as paredes coloridas e tudo o que é "patchwork" me fascinam...
Quando me quiseres encontrar, estou por aí...sentada em frente à lareira, nos dias de inverno, com uma chávena de chocolate quente na mão e os pensamentos por companhia...
Também me podes encontrar em frente ao mar, no fim de uma caminhada, que inicia outra, a olhar o infinito, na procura de respostas à alma.
Ainda me podes encontrar no sótão dos meus segredos - o mundo encantado dos meus sonhos, onde não há lugar para tristezas.
Apesar de sentir como os poetas, e gostar de alguns dramas na escrita...na vida, eu sou um sorriso...
Por isso, quando me quiseres encontrar, "não há longe, nem distância", não há lugar nem tempo...porque eu estou sempre aqui...
Olha para a minha vidraça...continuo a ouvir a chuva cair, agasalhada pela manta de retalhos que fiz no inverno passado...estou a sorrir...gosto do cheiro a terra molhada.
Vou abrir a janela...se quiseres entrar....é só chamar....