Wednesday, January 4, 2012

"Ai, Solidom...."




...cantava Dulce Pontes, há uns anos atrás, num album memorável, único e inesquecível.
Depois do balancete do ano, onde os pratos oscilam entre o mau e o bom, a tempestade e a bonança...procura-se cá dentro de nós, nas gavetas que há muito não se abrem, nas caixinhas ( algumas, de música)....bom, procura-se um equilíbrio num caminho nem sempre fácil...onde nos deparamos com imagens, vozes, cheiros...
Nessa busca interior, rasgo sempre de saudades...e, sim, repito a cada dia que passa...dos afectos, do tacto, do abraço, da paixão que incendeia os pulmões, do amor descomprometido, livre no sentir, mas sentindo também "que eu sou tua e tu és meu"... enfim, uma mistura de prisão libertadora...um dar as mãos, de forma entrelaçada e apertada nos nós dos dedos, sem darmos por isso...
Faço uma retrospectiva cinematográfica e faço "pause" em alguns momentos...como se fosse a uma prateleira, dentro de mim, e fosse relendo trechos sublinhados de livros antigos, mas que nunca esquecerei...
Assim acontece com a vida.
Ao parar nas esplanadas, areais, passeios, mergulhos inesperados e perigosos, onde fui tão feliz, o meu olhar baixou, apagou... até o cabelo escureceu com vontade de, por breves instantes, reviver na vida real, esses momentos de glória que viverão, para sempre, na minha memória e inconsciente.
O telefone toca...não me apetece atender...
Alguém fala...não me apetece responder...
Nesta pequena viagem, reabri feridas e perguntei "porquê?"...porque "o que não nos mata, torna-nos mais fortes" e porque os meus quase 40 anos são muito mais que a vida de muita gente.
Dentro dos meus anos, sinto vários vidas: tristes, alegres, sofridas, com medo, deprimidas, efusivas, dançantes... sempre intensas, imensas e desmedidas.
A minha vida é a história em cima de um palco, onde comédia e drama se misturam e intercalam.
Continuo a olhar para dentro e a parar em alguns momentos.
Sinto falta dos beijos e dos abraços, do olhar nos olhos, do bater uníssono de dois em um.
Creio que, a vida nos surpreende a cada esquina e, a cada dia que passa, podemos ficar com um brilhozinho nos olhos porque, de repente, sem contar, nos apaixonamos de novo e perdidamente.
Espero por esse momento com saudade...sim, uma saudade do futuro...do que já vivi e ainda quero viver.
Mas, sei que, até lá, tenho de estar distraída, senão, o impacto não será o mesmo e pode até nem acontecer.
A niote já caiu.
Já jantei.
É hora de fechar os baús e voltar à realidade.
Posso visita-los sempre que quiser e, penso que, talvez seja o melhor das vivências sentidas...ficam connosco para todo o sempre.
O telefone toca.
Vou atender.

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