Thursday, September 29, 2011

Grito Vagabundo






Dedicado a Rogério Charraz






Vida



Memórias



Alma Lusa



Palavras e imagens



que não consigo contar.






Vida



são estes apertos



que soltamos em grito



e perpetuamos



no espaço



e no tempo



numa canção que fica



permanece



aconhega



enobrece



e anoitece...






Vida



Saudade



dos amigos que partiram



Do que ainda não vivi



De tudo que canto numa Taverna



em cada noite que finda



e a mente faz relembrar histórias



e inventar estórias



inesquecíveis



e abençoadas.






Vida



Mar



Gaivotas perdidas no areal






mas não solitário com um grito



infinito



que fará



para todo o sempre



parte de mim....






Wednesday, September 21, 2011

Os Outros e Eu



Até gosto do ano em que nasci...1973...
Parece-me um número bonito
e a década foi farta em revoluções
originalidade
união
grandes poemas
músicas intemporais e inesquecíveis...

Não gosto do ano em que vivo...2011...
Parece-me um número feio
um início de década atribulado
onde tudo se copia
algumas coisas ( e pessoas) se transformam....
onde as Redes Sociais
colmatam a falta de tempo
para estar com os outros
e comigo também.
Até os poemas que escrevo
me parecem repetidos.
Só a música se "safa"
pelo número de pessoas com talento
mas a quem Portugal não dá valor...

No ano em que nasci,
os Outros eram unidos
preocupavam-se
eram amigos.

No ano em que vivo,
não há grupos - a não ser no Facebook
As pessoas só olham para o seu umbigo
e cada problema que têm é o centro do mundo.
Andam tão cansadas
pressionadas
desgastadas
que quem leva a bofetada
é "o elo mais fraco"
e não quem bem a merece.
Já não há amigos...
há conhecidos
e colegas de trabalho.
Mas...começo a acreditar que...
também a palavra colega....
também essa
está a entrar em desuso...

No ano em que nasci,
as pessoas tinham um emprego
e uma vida social e familiar.

No ano em que vivo
as pessoas são escravas do trabalho
e dos Outros
e sobrevivem, não vivem....
apenas correm atrás uns dos outros...
ainda não percebi muito bem porquê.
Alguns, tropeçam
caiem
são atropelados...
ninguém se entende...

No ano em que eu nasci,
Portugal estava prestes a gritar "Liberdade"
e as pessoas eram verdadeiramente felizes
com tão pouco e um cravo na mão.

No ano em que vivo,
existe libertinagem
falta de educação
desrespeito pelo outro
falta de brio profissional...
Toda a gente entrou em falência
com "ipods" no bolso e carros topo de gama.

O que aconteceu à felicidade do ano em que nasci?
Onde estão esses Outros
que eram amigos,
bons colegas,
bons pais?...
Onde estão esses Outros
cheios de tudo
neste ano cheio de nada?

Eu?
Eu estou aqui.
Estou farta e exausta do nada.
Talvez porque em mim
ainda vive o tudo
do ano .... em que nasci...


Saudade Triste






Um impulso de escrever



fez-me pegar na guitarra de cordas de aço



nada toquei



apenas sonhei



e relembrei...



a saudade anda comigo a toda a hora



é a irmã que eu não tenho



um pedaço de ti e de mim...



Sim....de ti, que deixaste de ser meu amigo



mas continuas a ler o que escrevo.



"Estranha forma de vida"



de ser



e estar



ausente



quando se quer presente.



A saudade não vai embora



e, quando não é ligeira,



entra em casa e mora connosco



cansa e desgasta



dilacera a alma e o coração...



corrói e destrói....


É uma tristeza....