Tuesday, February 28, 2012

A Roda....



Quando nascemos, a cruel sociedade predestina uma vida para cada um de nós... é suposto que se vá para um infantário, no mínimo, aos dois anos de idade, frequente a escola primária, se seja rebelde na adolescência e se encontre um namorado, que nos acompanha da Faculdade até ao Altar... é suposto ter carro e casa antes do matrimónio, ser independente, fazer uma lua-de-mel de sonho, engravidar e ter filhos...se se é, ou não, feliz...para a sociedade, isso é secundário.
Estou sentada na minha cama, sozinha, a escrever tudo isto sem conter as lágrimas... não porque seja infeliz, mas porque procuro e não encontro, porque preciso de um companheiro e não....porque, quase com 40 anos, vivo em casa dos meus pais e eles nunca perceberam que eu cresci, que preciso voar...eu quero voar para bem longe daqui... eu não quero fugir de mim... só preciso descobrir novos horizontes, pessoas, dificuldades, até, mas sozinha...preciso de me perder para me encontrar, já que a vida me colocou à margem dos "normais" por ser diferente no ser e no sentir.
Como isso se paga caro....
A sociedade bombardeia-nos com perguntas como "já casaste?", "Ainda não?" ( como se de um defeito se tratasse), "Tens filhos?" ( e quando se diz que não e se está com um sobrinho ao colo, alguém diz...."fica-te tão bem".... - é que, é mesmo aquilo que nos apetece ouvir quando já fizemos 38 anos, o relógio biológico já fiz "tic-tac" várias vezes, mas ainda não se engravidou...)
"Podia ser pior", dizem alguns....
Claro que podia ser pior.
Podia ser melhor.
Mereço melhor e...não, não depende só de mim....depende do que está escrito e eu não sei o que seja...
A estabilidade emocional e independência fazem falta a qualquer mortal.
Acredito que são poucos os casais que partilham um tecto e sao verdadeiramente felizes.
Acredito que muitos dos que têm casa não têm dinheiro para pagar todas as contas.
Mas...como me apetecia ter o meu canto, largueza para os meus livros, para a minha decoração, para mim....para outra escova de dentes....
Pois é, mas não tenho e a conjuntura económica não me deixa ser optimista...os 74 anos do meu pai e a sua chantagem emocional também não.
Já tive vários relacionamentos.
Já fui muito amada.
Mas, continuo sozinha, á margem de uma sociedade que não criou espaço para pessoas como eu, a não ser na sarjeta...somos os "coitados", "os trintões", "os quarentões", "os solteirões"...quase somos insultados sem darem por isso.
Hello!!!! Somos gente que sente e que, muitas vezes, é muito mais feliz do que quem tudo pensa ter.
Mas, hoje à noite, sentada na minha cama, apetecia-me ser igual aos outros... nem que fosse por um dia ou uma noite...apetecia-me ter uma casa, a minha decoração, um marido e filhos...
Isto de ser diferente, às vezes, dói...
E será que ninguém entende que a vida é uma Roda e nascemos e morremos sozinhos?



Monday, February 27, 2012

Nancy..."my sweet and little doll"...




Às vezes as pessoas mais frágeis são as mais fortes....aquelas que têm árvores de pé dentro dos pulmões, que são alavancas, determinadas, persistentes, bonitas e sensíveis.

Quando era pequenina e brincava com bonecas, havia a Barbie e, mais tarde, a Nancy...

Longe estava eu de saber que, em adulta, mas com espírito e sorriso de criança, iria encontrar uma boneca chamada Nancy...bonequinha de cara, “menina e moça” lutadora de Caracas.

Onde menos esperamos, ganhamos um amigo e, às vezes, “do longe se faz perto”...

Talvez por isso goste tanto das palavras...porque elas já me fizeram feliz muitas vezes e creio que não irão parar por aqui.

Para a minha Nancy da vida real, um abraço com carinho e saudade.











Wednesday, February 22, 2012

Imbecil realidade



Dia de Carnaval...21 de Fevereiro de 2012...

Nunca houve tanto para caricaturar, de facto...
Já há uns meses que, por opção, desliguei da informação, dos noticiários...somos bombardeados com má energia, desgraças...seja qual fôr o canal televisivo ou o jornal periódico...tudo se transformou no antigo "incrível" e, de facto, é incrível como, de repente, perdemos direitos que os nossos pais e avós arduamente conquistaram ao longo dos anos.

Não sou a favor daqueles que nada fazem, que gostam de viver de rendimentos mínimos perdidos em cafés diários, ou à sombra de uma árvore, na espera que o dinheiro caia...mas, não acho justo cairem feriados, aumentarem tabelas de irs, iva....e os salários, não aumentam?...a cada dia que passa, cada um de nós ganha menos e trabalha mais horas...a carga soma e avança, o corpo e a alma desgastam-se...a desmotivação instala-se...
Parece-me a mim que, por agora, já chega...as unhas estão demasiado rentes...

Num país tão bonito e acolhedor, a desgovernação ficou a par da desmotivação em campos diferentes.
A maior parte dos estudantes que terminam agora os seus cursos só têm uma solução: emigrar....sim, o verbo que o Primeiro Ministro proferiu num discurso...tem muito de verdade, sim, mas com o cargo que ocupa nunca o deveria ter dito...e a economia, de que se sustenta? De pobres reformados que nem dinheiro para comer têm?
Até os que têm os seus empregos mais "estáveis" começam a procurar um local onde haja boa energia, omde se trabalhe, mas haja qualidade de vida, tempo para a família...
Parece que regredimos no tempo...há uns 30 anos, muitos foram os portugueses que emigraram para o Brasil e para Angola...foram, não foram? E voltaram a ser...
É triste...
É revoltante...
E, pela primeira vez na minha vida, na semana passada perguntei a mim própria...."onde é que isto vai parar?"...

"Pergunto ao vento que passa
Notícias do meu país
Que o vento cala a desgraça
O vento nada me diz"

Adriano Correia de Oliveira



Sunday, February 19, 2012

Uma planta rara chamada Amizade...




Dedicada a uma amiga especial…


Um amigo é um dom…mesmo…
Para mim, e só para mim, a amizade é, de todos os sentimentos, o mais nobre, verdadeiro e sem limites.
Um amigo é um amparo, uma companhia, um silêncio que se partilha, a música que compartilha…um amigo é tudo: é aquele que está sempre, e incondicionalmente, lá e cá…onde precisamos dele…é o que adivinha, o que nos dá abraços em momentos de fraqueza…daqueles abraços verdadeiros que nos trazem uma energia renovada….é um sorriso eterno, a palavra certa na altura certa…
Amigo, amiga, amizade…palavras da mesma família, que  são isso que os amigos são: as tranças que escolhemos usar no cabelo – não importa a cor, nem a raça…
Ao lembrar-me dos meus amigos, a memória faz presente histórias engraçadas, tristes, bonitas, comoventes, mas sempre partilhadas e apoiadas…então, eu sinto os meus amigos como um arquipélago de ilhas bonitas, raras, onde só o céu e o mar são o limite.


Thursday, February 16, 2012

"Ando de um lado para o outro dentro de mim"


Há dias assim...em que olhamos para dentro, para a nossa casa interior...olhamos para as memórias que temos do passado e viajamos....olhamos pela janela e voamos, por aí...

Hoje, sinto-me assim: “Ando de um lado para o outro dentro de mim”...

É um estado de “pause” na televisão da minha vida, um repensar de vontades e sonhos, ponderação do que vale e não vale a pena.

Triste é a conclusão...não a posso dizer, porque devemos e precisamos guardar algumas coisas para nós.

O nosso dentro tem muitos compartimentos...o meu sótão está repleto de caixas bonitas e doridas...a minha cozinha tem os sabores da cevada e da lareira da minha avózinha....o meu sofá sabe a letargia, ao prazer da leitura, de uma boa sesta, de algumas tristezas...do quarto, não posso falar...é um jardim secreto, frondoso, rico nas flores mais raras e cuido dele todos os dias...a minha janela é o espaço onde pouso para levantar vôo e me encontrar com outras gaivotas loucas como eu...

Há dias assim....e mais não canto...há quem o faça por mim...

Wednesday, February 15, 2012

"Longe do mundo"

Quando começamos a chorar todos os dias, é o que nos apetece....



Juntar pedaços e partir de longe....não de nós, pois temos de juntar os retalhos, mas dos outros...dos que nos fazem mal, das más energias, das tristes notícias....


“Longe do mundo e perto de ti” é tudo o que hoje consigo dizer e sentir.


Tuesday, February 14, 2012

Ai, o amor....



Não sei o que lhe chamar...
Linha do Equador, 14 de Fevereiro de 2012...
Entrei em casa e olhei a minha sala...paredes cor de tijolo, quentes...budas e almofadas coloridas no chão, móveis de inspiração mexicana, tapetes peruanos, estantes com livros - um tanto ao quanto desalinhados nas prateleiras, misturados com estátuas de pau preto...em frente à porta, que dá para o alpendre, um sofá em couro, castanho escuro, gasto, com uma "chaise-longue"...quantas não foram as tardes que ali passei a ler, a escrever ou, simplesmente, de cortinas abertas a olhar o nada, que é uma paisagem verdejante, que é tudo...
Também passei alguns serões interessantes contigo... a conversar, a discordar, a jantar, a rir à gargalhada, com um copo de vinho tinto na mão...a dançar....era perigoso dançar contigo...e ver comédias românticas também, porque acabavámos por nos misturar com o filme...
Lembro-me de uma noite, depois de um jantar animado à luz das velas - não porque fosse romântico, mas porque a luz falhou ( acho que foi propositado)...improvisamos uma dança, onde o compasso era marcado pelo bater do nosso coração...começou animado, serenou e acelerou...comecei a sentir a tua respiração, o conforto de estar nos teus braços - senti-me entregue - os teus flancos a deslizarem, a roçarem os meus.... beijaste-me os lábios, ao de leve, como se eu fosse uma papoila do campo...
Na penumbra da sala, deixei cair o copo de vinho, afastei-me, soltei o cabelo e disse "Quero mais"...nunca me senti tão ordinária, tão sincera e tão livre...era o que me apetecia...um momento de volúptia, prazer e sexo...estava meio-enebriada pelo álcool e lembro que ainda nos rimos da situação mas, de repente, os nossos olhares cruzaram-se, disseram que sim e as bocas uniram-se sofregamente...deslizamos no sofá gelado e de forma meiga, carinhosa, preocupada e de entrega...foste-me despindo...o desabotoar dos botões da camisa, a mão firme que desceu e apertou o meu peito...lembro-me do avançar lento, de cada segundo de prazer, dos meus gemidos, do teu olhar orgásmico quando me penetraste...foi bom demais para ser verdade... tão bom que ficámos enrolados a noite inteira...essa e mais algumas...nada era vulgar, mesmo que estas palavras soem a livro de tabacaria.
Tudo em nós era estranhamente indescritível, diferente e sensual.
Nunca nenhum homem me deu tanto prazer....seria amor?
Ainda hoje me questiono...
Sei que me deixou a melhor das sementes...a pequena e doce Ema, filha do pecado e da paixão...um pecado bom...
Nunca mais o vi, mas a sua essência e herança gira em torno de mim a toda a hora, acompanha-me nas leituras, nas refeições, nas meditações em noites de luar com o japa que o pai me ofereceu e nos sonos infinitos de uma cama repleta de amor.
Cada vez que olho para ela, vejo os olhos do pai...quase consigo sentir o seu cheiro e aquele roçar de mão no meu peito, que ainda hoje me arrepia a pele, só de pensar....

Feliz Dia dos Namorados - critiquem, ou não, toda a gente gosta de uma mensagem especial, de um gesto, de um carinho....de afecto....

Monday, February 13, 2012

My Lila


É um prazer ouvi-la no carro, dançá-la encostada a ti, suor com suor, jogo de lábios que apetece mas não acontece.
Lila lembra muitas coisas boas...as que aconteceram, as que sonhamos e as que ainda estão por acontecer...
Lembra-me a Amazónia, o Chile, a cama de ferro com lençóis descobertos e corpos nus...os nossos...exaustos do prazer que não se esgota...os livros de Allende espalhados no chão e misturados com vinis coloridos nas sonoridades e na diferença...
Lila, Lila, que me lembras o filme e pinturas de Frida Kahlo...
Lembras-me o étnico, a música que há em mim, a alegria, a sensualidade de amar carnalmente e saciar a vontade reprimida...
Agora dava-te um beijo...não a ti, Lila...mas a ti que me lês e sabes o quão infinito seria, dentro do etéreo...
Apeteceu-me...


Thursday, February 9, 2012

"Pérdoname"


Esta noite sonhei com o meu Poeta....seu nome? Diniz....com “z”, antigo no tempo e na alma gémea que foi e não quis continuar a ser...

A partilha e o amor eram uma constante na nossa história de encantar.

Penso que, um dia, dará um bom livro...daqueles com pequenos grandes pormenores e que nos fazem sonhar, sair do chão, voar...

Mas, a história é isso, porque foi vivida de forma inacabada...

Ficaram interrogações e, em tempos idos, muitas saudades....daquelas que esfaqueiam o peito, são dramáticas e nos fazem querer morrer para não sofrer...não daquela forma, tão traiçoeira e descampada...

Mesmo assim, gosto de recordar o carinho, o olhar, a cumplicidade, o amor pelas palavras e pela sua intensidade, a partilha das músicas, dos gestos de ternura...daquilo que já não há....

“Pérdoname” lembra-me a Lisboa desses tempos e a história de uma Gaivota que, um dia, bateu na janela das águas furtadas de um Poeta, em Belém, e ali se encantaram e pararam num tempo que vive dentro de uma caixinha de recordações, cartas escritas à mão, fotografias, amor, tristeza, raiva e desilusão...

É nas caixas que costumo arrumar pedaços de mim.

Esta, em particular, tem uma Gaivota pintada à mão...lá dentro, conversa com o Poeta, fechada na tampa que lhe coloquei, que o Passado já passou e não o quero ouvir.

“Pérdoname”, Gaivota....Poetas como aquele já não há...até ele deixou de existir....


"Sábado à noite não sou tão só"....


Os nossos corpos conhecem-se bem demais para nos sentirmos ilhas isoladas...

Somos um paraíso, um canto do sótão onde abundam girassóis, afectos, sensualidade, extremos...

Somos teclas desse piano onde às vezes me deito, deslizo e canto...

Somos a dança que flutua, a pena, o colorido...

Somos a noite e o dia, a imensidão, o grito do prazer, as estações do ano...

Somos o soalho do chão junto à lareira com os The Gift por embalo...

Somos a gravidez de filhos desejados...

Somos assim...somos aquilo que agora me apeteceu escrever...

Talvez te ame sem saber....


















Sunday, February 5, 2012

Fim-de-semana na Costa Nova



Esta foto até foi na Praia da Barra, mas fica no alinhamento de uma Costa que se diz Nova, apesar dos tempos...uma península autêntica: de um lado ria, do outro lado, um mar a perder de vista...pelo meio, casinhas listadas que, segundo a história, tiveram origem em antigos palheiros...o veraneio falou mais alto que os palheiros dos pescadores e as casas aprimoraram-se, vestiram-se de riscas coloridas e animadas. É,de facto, uma Costa Nova, onde não há lugar para tristezas.
O fim-de-semana foi de sol e muito vento, mas não deixei de fazer as minhas caminhadas fantásticas, fazer-me acompanhar da máquina fotográfica,de mim e de um desejo enorme de voltar.
"Ir para fora cá dentro" traz descobertas inesperadas...a 80 km do Porto, logo depois da cidade de Aveiro...
Aconselho o Hotel Azevedo, onde o acolhimento é familiar, os preços baratos, a localização central e a decoração a condizer com a terra...
Aqui fica o link e mais algumas fotos para aguçar o apetite...viajar faz bem à alma! :-)
Boa semana para todos!



As típicas casinhas....nunca fotografei tantas em tão pouco tempo...valeu a pena!


Uma marina na Ria...do outro lado, Aveiro ...


Em terra de pescadores, come-se peixinho....depois da foto, o prato foi regado com bom azeite português...


Hum....cheira a maresia....vamos ver o mar? 


Cheirinho a férias...


E para a próxima, há mais...agora, dêem asas aos sonhos e voem.... :-)
Boa noite!



Thursday, February 2, 2012

O que o faz feliz?




Hoje, manhã fria de Inverno, vinha a conduzir e a ouvir a Radio Comercial e, a pergunta que se impunha era “o que nos faz felizes?”....as respostas foram as mais variadas mas, como dizia a Vanda Miranda, o que nos faz mais felizes são as coisas mais simples....é um facto....

Senão, pensemos....quem não gosta de ver um lindo pôr-do-sol, ouvir uma boa música, perder o olhar numa lareira, no horizonte, numa noite de lua cheia....um abraço imenso e sincero de quem realmente gosta de nós, sem limites...uma criança a dizer que gosta de nós...sorrir...andar descalço....sentir o cheiro da terra molhada...amar e ser amado...ler um livro num banco de jardim...passear o cão...rir à gargalhada, numa esplanada, com os amigos....fazer ponto de cruz...escrever, como agora eu faço...

O que me faz feliz?...Coisas simples....tão simples como os poemas de Alberto Caeiro...

Wednesday, February 1, 2012

Quando os pais se tornam filhos....

Há um dia em que tudo se transforma, a ficha cai e damos conta que os nossos pais se tornaram nosso filhos....dependentes na mobilidade, na memória recente que vai desaparecendo, no medo da morte e da doença...são crianças grandes, com rugas de preocupação e poucos sorrisos.

O que pensar e o que fazer perante um cenário de chantagem emocional e egoísmo que a todos transcende?

Talvez estar atento, viver o momento, um dia de cada vez, sem pensar no que será o amanhã....porque as imagens que nos surgem são nubladas e tristes e não vale a pena.

Ser firme, optimista, encarar a vida tal qual ela é....” é assim, temos de viver com isto e tudo se irá resolver passo a passo, com esperança, evitando as angústias que, nos intervalos, nos possam surgir”.

Quem disse que a vida era fácil?

Mas, mesmo com todos os caminhos sinuosos que possamos encontrar, não vale ela bem a pena?