Tuesday, February 14, 2012

Ai, o amor....



Não sei o que lhe chamar...
Linha do Equador, 14 de Fevereiro de 2012...
Entrei em casa e olhei a minha sala...paredes cor de tijolo, quentes...budas e almofadas coloridas no chão, móveis de inspiração mexicana, tapetes peruanos, estantes com livros - um tanto ao quanto desalinhados nas prateleiras, misturados com estátuas de pau preto...em frente à porta, que dá para o alpendre, um sofá em couro, castanho escuro, gasto, com uma "chaise-longue"...quantas não foram as tardes que ali passei a ler, a escrever ou, simplesmente, de cortinas abertas a olhar o nada, que é uma paisagem verdejante, que é tudo...
Também passei alguns serões interessantes contigo... a conversar, a discordar, a jantar, a rir à gargalhada, com um copo de vinho tinto na mão...a dançar....era perigoso dançar contigo...e ver comédias românticas também, porque acabavámos por nos misturar com o filme...
Lembro-me de uma noite, depois de um jantar animado à luz das velas - não porque fosse romântico, mas porque a luz falhou ( acho que foi propositado)...improvisamos uma dança, onde o compasso era marcado pelo bater do nosso coração...começou animado, serenou e acelerou...comecei a sentir a tua respiração, o conforto de estar nos teus braços - senti-me entregue - os teus flancos a deslizarem, a roçarem os meus.... beijaste-me os lábios, ao de leve, como se eu fosse uma papoila do campo...
Na penumbra da sala, deixei cair o copo de vinho, afastei-me, soltei o cabelo e disse "Quero mais"...nunca me senti tão ordinária, tão sincera e tão livre...era o que me apetecia...um momento de volúptia, prazer e sexo...estava meio-enebriada pelo álcool e lembro que ainda nos rimos da situação mas, de repente, os nossos olhares cruzaram-se, disseram que sim e as bocas uniram-se sofregamente...deslizamos no sofá gelado e de forma meiga, carinhosa, preocupada e de entrega...foste-me despindo...o desabotoar dos botões da camisa, a mão firme que desceu e apertou o meu peito...lembro-me do avançar lento, de cada segundo de prazer, dos meus gemidos, do teu olhar orgásmico quando me penetraste...foi bom demais para ser verdade... tão bom que ficámos enrolados a noite inteira...essa e mais algumas...nada era vulgar, mesmo que estas palavras soem a livro de tabacaria.
Tudo em nós era estranhamente indescritível, diferente e sensual.
Nunca nenhum homem me deu tanto prazer....seria amor?
Ainda hoje me questiono...
Sei que me deixou a melhor das sementes...a pequena e doce Ema, filha do pecado e da paixão...um pecado bom...
Nunca mais o vi, mas a sua essência e herança gira em torno de mim a toda a hora, acompanha-me nas leituras, nas refeições, nas meditações em noites de luar com o japa que o pai me ofereceu e nos sonos infinitos de uma cama repleta de amor.
Cada vez que olho para ela, vejo os olhos do pai...quase consigo sentir o seu cheiro e aquele roçar de mão no meu peito, que ainda hoje me arrepia a pele, só de pensar....

Feliz Dia dos Namorados - critiquem, ou não, toda a gente gosta de uma mensagem especial, de um gesto, de um carinho....de afecto....

2 comments:

Anonymous said...

Palavras bonitas, bem escritas, texto sonhador, agradável para quem lê... momentos que se imaginam e se recriam na nossa imaginação...mas quanta tristeza por trás do belo que emanam...
não deixes que o passado te corte as asas....
beijos Carla Matilde

ines gaivota said...

Não tem passado nenhum, prima....isto foi apenas fruto da imaginação....