Wednesday, October 24, 2012

A Travessia...



O ser humano é um bicho estranho…

Acha a vida difícil e nunca está preparado para lidar com a morte…

Percursos árduos e muito dependentes da força anímica de cada um

E do prisma pelo qual conseguimos ver as coisas…

A velha história do copo meio vazio ou meio cheio…

 

Maria chegou aos quarenta anos com uma vida emocional, rica, mas imprópria para cardíacos.

Foi uma adolescente asfixiada pela exigência e, não é que a dita a seguiu a vida inteira?

Sempre sendo muito exigente com os outros, mas ainda mais com ela própria.

Quando descobriu as artes...as palavras, a dança, a música, o canto, o teatro… apaixonou-se e atirou-se de cabeça em tudo… e foi aplaudida e invejada e elogiada e invejada…

Há seres humanos feios…

A inveja corrói o outro e o próprio e é lixo no coração e na estrada da vida.

Durante anos, realmente viveu do que mais gostava de SER e fazer e foi FELIZ.

Depois, CRESCEU e foi esmagada por uma sociedade que impões cursos superiores e profissões.

Mesmo sendo louca e à margem de muitas coisas…( eu diria, a revolução em pessoa)… tentou seguir um caminho mais ou menos normal, que lhe desse sustento para sobreviver…. No tempo que lhe sobra – e é tão pouco – vive… mas, às vezes a exaustão do que não gosta na sobrevivência, é tão imensa…. que, o pouco tempo não chega para viver, para pegar nos sonhos, tirá-los da gaveta e dançar com eles…para conhecer novas pessoas e se apaixonar…

Neste momento, Maria, com 40 anos, decidiu atravessar o deserto… não um deserto qualquer… o seu deserto…. Tenta não viver do passado e está a tecer esforços para situá-lo numa margem onde o possa visitar, mas sem estar presa ao mesmo…

Caminha sem saber em que direcção.

Sabe que quer ser feliz, que não pode abandonar o seu sustento e, a cada dia, o caminho é árduo em busca de um oásis…

Na mochila, leva os seus SONHOS, um caderno de apontamentos e música. Nada mais.

A alma está vazia e precisa de alimento.

Maria busca algum conforto na caminhada, apesar das pedras e tempestades de areia que encontra no caminho.

Algum dia, conseguirá encontrar o equilíbrio perdido?

Aquela sensação de bem-estar, de não fazer nada e olhar o mar para se energizar?

A travessia do deserto é dura…

Será que ela aguenta e se reencontra?

Está um futuro à sua espera no lado oposto ao Passado.

Resta-lhe conseguir VIVER o PRESENTE, encontrando alento e alegria no mesmo.

Como diria um amigo meu….PAZ!

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