Há alturas, na vida, em que não
gostamos de nada:
Começa por nós, pela roupa, pelas
carteiras, passa pela paciência em falta e desagua na saturação de cansaços
acumulados e alguma tristeza vinculada a desilusões e expectativas goradas.
Há alturas em que não há pedaços de
tempo que nos façam libertar o grito de agonia e desespero…
A mente é uma sequência de imagens e
acontecimentos sem intervalo.
Como consigo parar isto e
restabelecer o equilíbrio sem, necessariamente, voltar atrás no tempo e na
vida?
Estou à porta da sala de aula de
Pilates – a professora está de férias, mas vim à aula de substituição.
Sinto-me além… noutro corpo, ausente
de sorrisos e gargalhadas e vontade…
Onde é que eu me meti?
Onde foi que me perdi?
Preciso juntar os cacos, se é que me
parti…
Se me esfumei, onde encontro um
alquimista que transforme o meu estado?
Se é meu, talvez seja eu a única que
pode mudar o interruptor de “off” para “on”…
E a vontade?
Quiçá, pensar no resultado final
antes de começar o processo ascendente de reestruturação…
…
Saí da aula inteira… não completa,
mas inteira… falta-me a alegria genuína que tão bem me adjectiva e caracteriza…
Sinto-me dentro de um fado…
Vivo entre sonhos e pesadelos…
Não sou indiferente ao que sinto e
não sinto em mim…
Preciso acalmar a mente
E abrir aqui uma janela da alma que
ilumine o interior…
Ser coerente no meio da balbúrdia
deste mundo…
Ser um mundo inteiro dentro de mim…
Inteira, imensa e completa…
Preciso de me reencontrar… em mim,
na roupa, nas carteiras que vou vender, no cabelo que precisa crescer…
“Que Deus me perdoe”, esta tristeza
que se instalou em mim e não vai embora…
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